07/03/24 14h42

Após ampliação, hidrovia Tietê-Paraná deve multiplicar volume de cargas transportadas

Investimento de R$293,8 milhões em Nova Avanhandava vai melhorar logística de navegação em mais 16 quilômetros de rio e uso de duas hidrelétricas

Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística

A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, visita nesta quarta-feira, 6, as obras para ampliação do canal de Nova Avanhandava. Responsável por movimentar cerca de 2,5 milhões de toneladas de diferentes tipos de carga em 2023, o canal, na hidrovia Tietê-Paraná, poderá ampliar esse volume significativamente quando a obra for concluída. Este acréscimo ocorre graças à ampliação da profundidade do leito do Rio Tietê entre os reservatórios Ilha Solteira e Três Irmãos.

Sob responsabilidade da Semil, por meio do Departamento Hidroviário, as obras,  iniciadas em 2023 e com término programado para 2026, estão aprofundando o canal – que tem 60 metros de largura – em 3,5 metros, ao longo 16 km. As intervenções devem retirar 552 mil m³ de material rochoso – o equivalente a 600 piscinas olímpicas. 

Para diminuir os impactos para a fauna aquática do reservatório, as explosões são feitas de maneira controlada, em espaços limitados, e respeitando o período de defeso (1º de novembro a 28 de fevereiro). Por mês, são retiradas entre 19 mil e 21 mil m3 de rocha. O material removido é devolvido ao leito do rio em locais pré-estabelecidos. 

Segundo a titular da pasta, Natália Resende, a obra possui um nível de alta complexidade. “É um trabalho que envolve muitas etapas, além de fazermos detonações de pedra embaixo d’água, o que já é complexo por si, não interrompemos a navegação e temos uma série de cuidados para proteger o ecossistema”, descreve. “O derrocamento é feito em pequenos trechos, isolados por cortina de bolhas de ar para separar a área embaixo da água e afastar os animais, além disso, as detonações são suspensas no período de defeso”, acrescenta a secretária. 

O aprofundamento do canal de Nova Avanhandava é uma demanda antiga para o setor de logística. A obra já havia sido pensada em várias ocasiões e, em maio de 2023, foi retomada pelo Governo do Estado de São Paulo, em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Ao todo, serão investidos R$293,8 milhões, com previsão de conclusão para o segundo semestre de 2026.

A obra vai beneficiar não apenas São Paulo, mas também as regiões Sul e Centro-Oeste, pois trata-se de um importante meio de escoamento de produtos e insumos agrícolas entre as regiões produtoras e o Porto de Santos, com 30 terminais de múltiplo uso ao longo da hidrovia. A principal melhoria com o aprofundamento do canal é a de permitir a passagem de embarcações de grande porte mesmo nos períodos de seca, quando o nível da água menor reduz também o calado permitido.

Cerca de um terço (800 km) dos 2,4 mil km de extensão da hidrovia passam por São Paulo. Os demais 1,6 mil km dividem-se entre Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. Entre 2022 e 2023, houve um aumento de 120,7% no total de cargas movimentadas por meio do canal. Os principais produtos transportados são cana-de-açúcar, milho, soja e insumos e equipamentos.

Mais eficiência e menos carbono 

Para se ter uma ideia, no modal hidroviário, ao transportar uma tonelada de carga, com um litro de combustível, é possível percorrer uma distância três vezes maior do que pelo ferroviário, e nove vezes maior em relação ao rodoviário. Ainda, com a utilização das hidrovias para o transporte e a consequente diminuição dos veículos nas rodovias, é possível um ganho significativo para o meio ambiente, uma vez que a ação contribui para a redução de mais de 20 milhões de toneladas de emissão de dióxido de carbono.

Além de melhorar a logística, a ampliação também permitirá maior flexibilidade na operação das Usinas Hidrelétricas de Três Irmãos e Ilha Solteira, resultando em um fluxo mais contínuo de cargas movimentadas sem conflitos entre navegação e geração de energia com garantia de produtividade. 

A possibilidade de percorrer com cotas mais baixas nestes reservatórios ainda proporcionará ao setor elétrico mais 4,1 bilhões de metros cúbicos de água para geração de energia elétrica ou sua estocagem nos reservatórios de cabeceira – o volume equivale a 24% da Usina de Furnas.

Método de derrocamento especial

O método escolhido, com uso de explosivo encartuchado (em invólucros como cartuchos), é tido como o mais eficiente e rápido para o desmonte das rochas, principalmente as mais duras, como é o caso do basalto na região. Com uso de balsas, são feitas perfurações no leito do rio em uma área de 24 metros quadrados; depois, usando um tubo guia, cuja extremidade permanece fora da água, os explosivos são introduzidos nos furos.

Para a detonação, a técnica combina, ainda, os cartuchos explosivos com um acessório (linha silenciosa) que diminui os efeitos da explosão subaquática por conter o lançamento de fragmentos de rocha. Além disso, para minimizar os riscos à fauna local é utilizado método, similar ao das bombas de aquários residenciais, que “afasta” os peixes por alteração na pressão do ambiente, sem causar qualquer tipo de dano ou provocar riscos às espécies. 

 

Fonte: https://semil.sp.gov.br/2024/03/com-canal-mais-profundo-hidrovia-tiete-parana-deve-transportar-ate-7-milhoes-de-toneladas/