24/08/10 15h14

APM compra parte do projeto de novo terminal em Santos

Valor Econômico – 24/08/10

A APM Terminals - operadora de 54 terminais de contêineres ao redor do mundo - comprou 50% da Europe Terminal Brasil Participação Limitada, que está investindo R$ 1,2 bilhão (US$ 685,7 milhões) na construção do Brasil Terminal Portuário (BTP) no porto de Santos. Quando concluído, em 2013, o megaterminal terá capacidade para movimentar 2,2 milhões de Teus (contêiner de 20 pés) e 1,2 milhão de toneladas de líquidos. O valor do negócio não foi revelado. Ao tornar-se sócia da holding que controla a BTP, a APM Terminals confirma a intenção de ampliar a atuação no Brasil. Atualmente, ela administra o Teconvi (em Santa Catarina) e o CTO (no Ceará), que movimentaram em 2009 aproximadamente 500 mil Teus e 50 mil Teus, respectivamente. "O grupo aposta muito no país, considera que é um mercado bastante promissor e forte. Continuaremos prospectando, do Oiapoque ao Chuí", disse o gerente de novos negócios da APM Terminals no Brasil, Paulo Simões.

A empresa é o braço portuário da A.P. Moller-Maersk, conglomerado que controla a Maersk Line, maior armador de contêineres do mundo. A Europe Terminal Brasil Participação Limitada, por sua vez, é ligada à Terminal Investment Limited (TIL), que historicamente se associa à MSC - segundo maior armador no ranking da navegação mundial - para erguer terminais. São mais de 21 ao redor do mundo. No Brasil, além da BTP o grupo é sócio da Portonave (SC), empreendimento que fica em frente ao Teconvi no porto de Itajaí. O diretor-geral da BTP, Henry Robinson, pontua que a escolha por se juntar à APM Terminals integra a estratégia operacional da TIL de desenvolver terminais em parcerias.

De acordo com Simões, o fato de a APM Terminals pertencer ao mesmo grupo que a Maersk Line não significa que o armador necessariamente passará a escalar no terminal da BTP. Hoje, os navios da companhia dinamarquesa atracam nas instalações da Libra no porto, com quem tem contrato. A APM, lembra o executivo, tem 62 armadores como clientes nos 54 terminais em que atua em mais de 30 países. Entre os parceiros com quem opera por meio de joint ventures estão os armadores CMA CGM e COSCO Pacific; os operadores portuários mundiais DP World, Hutchison Port Holdings, PSA Singapore Terminals e Shanghai International Port Group; e parceiros locais na Jordânia, costa oeste da África, Bahrein e Marrocos.

A empresa busca um terreno no porto de Santos pelo menos desde o início de 2009, quando solicitou à Codesp (estatal que administra o complexo) a abertura de licitação de uma área para movimentar contêineres, na margem direita do porto. O processo, no entanto, exigia alteração da nomenclatura da região, classificada no Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do porto como apta a operar granéis líquidos. Como a modificação não ocorreu, a empresa partiu em busca de um parceiro. Do R$ 1,2 bilhão (US$ 685,7 milhões) a ser investido no empreendimento, R$ 180 milhões (US$ 102,9 milhões) foram destacados para a recuperação ambiental do terreno, onde funcionou por décadas um lixão. As obras civis vão absorver o restante e começarão tão logo seja emitida a licença de instalação. Atualmente, a construtora Andrade Gutierrez, escolhida para erguer o empreendimento, está implantando o canteiro de obras.

O projeto, porém, é objeto de investigação do Ministério Público Federal, que instaurou um inquérito no fim de 2009 para apurar, entre outros, o fato de a área que o terminal irá ocupar ser maior da que consta do arrendamento. A BTP disse desconhecer o teor da investigação e que ainda não foi notificada. Em relação ao tamanho do terreno, destacou que a área é de 440 mil metros quadrados, 30 mil metros quadrados dos quais permanecerão como mangue. Ao terreno original, disse, serão acrescidos 120 mil metros quadrados referentes a aterro e plataforma, nos termos do contrato aprovado pela Codesp