Apex reforça estratégia para atrair investidores
Valor EconômicoCom o objetivo de ampliar a atração de capital para o Brasil, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) reforçará em 2015 a estratégia de encontrar estrangeiros interessados em adquirir participações em empresas nacionais.
Até 2011, além de promover exportações, a agência focava o trabalho na atração de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o país. Desde então, porém, há uma calibragem nessa atuação. "Isso passa por ver o investimento como meio, e não como objetivo final", explicou ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, a gerente-executiva de investimentos da Apex, Maria Luisa Cravo, em referência à exigência de profissionalização geralmente atrelada aos aportes de capitais.
Além disso, disse Maria Luisa, esse é um investimento que ocorre de forma mais rápida. "As conversas duram no máximo seis meses, enquanto no IED elas são de até três anos. "Para 2015, a tendência é fortalecer essa atuação."
Essa estratégia tem duas frentes. Na primeira, a Apex faz uma ponte para viabilizar as conversas entre fundos de participação estrangeiros e congêneres brasileiros. Depois, acompanha a gestora nacional na identificação de empresas adequadas para receber o investimento.
Esses investimentos vão para "empresas mais consolidadas, porque os fundos brasileiros têm certa aversão ao risco", afirmou a gerente da Apex. Entre os principais setores contemplados, ela listou varejo, tecnologia da informação, educação e energia. "São as áreas que mais crescem hoje no país."
No ano passado, as atividades da área de investimento da Apex ajudaram a atrair US$ 4,7 bilhões para o país, sendo que US$ 3,4 bilhões vieram na forma de investimento em fundos gestores brasileiros e US$ 1,3 bilhão entrou como investimento produtivo, englobado na categoria de IED.
"As questões macroeconômicas não têm afetado, porque as empresas estão olhando no longo prazo. Estamos otimistas, acreditamos que não haverá queda, porque somos uma democracia consolidada e um mercado grande", disse Maria Luisa. Segundo ela, os volumes registrados no ano passado foram quase os mesmos obtidos em 2013.
O outro braço da estratégia atua junto a "startups", buscando apresentá-las a investidores estrangeiros e promover suas soluções a exportadores brasileiros. O próximo passo, já para o segundo semestre deste ano, será colocar as "startups" em contato com o braço de capital de grandes empresas. A ideia é que elas vendam seus produtos e serviços para essas grandes companhias.
Em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a Apex demonstra as tecnologias desenvolvidas pelas startups brasileiras em grandes eventos do setor, como o Demo Day, realizado em San Francisco, nos EUA. Essas iniciativas garantiram aporte externo de US$ 15 milhões a seis empresas brasileiras em 2014.
De acordo com o secretário de Política de Informática do ministério, Virgílio Almeida, o programa Startup Brasil credencia entidades do setor privado conhecidas como aceleradoras, que oferecem a infraestrutura adequada para as startups e assessoria jurídica. Além disso, a pasta repassa R$ 200 mil para cada empresa selecionada como incentivo. "Cada uma recebe R$ 200 mil por um ano e tem esse período para desenvolver o produto."
De acordo com Almeida, nos quatro editais já lançados foram recebidas 2,8 mil propostas de startups, das quais 20% são internacionais. Desse total, 190 foram selecionadas, sendo 40 na primeira edição e 50 na segunda. "Da primeira turma, o investimento privado recebido já é maior do que o do governo, de R$ 12 milhões e R$ 8 milhões, respectivamente."