28/10/10 11h32

Apesar do IPI, crédito para veículos é recorde

Folha de S. Paulo

O financiamento de veículos acompanhou a alta nas vendas e na produção e bateu novos recordes no último trimestre, apesar de o setor não contar mais com o incentivo do IPI reduzido, que acabou em março. Dados do BC mostram que o estoque de crédito cresceu em setembro pelo 20º mês seguido e teve a maior variação na comparação anual desde o início de 2009, quando as vendas refletiam a redução de imposto durante a crise do ano anterior. O total de empréstimos por meio de crédito direto e leasing atingiu o valor recorde de R$ 176 bilhões (US$ 103,5 bilhões) no mês passado, alta de 16% ante o mesmo período de 2009.

Os novos financiamentos no crédito direto alcançaram no último trimestre o maior valor da série iniciada em junho de 2000, enquanto as taxas de juros chegaram ao menor nível nesse período. Uma explicação para esse comportamento é que ficou mais barato financiar o carro zero, mesmo com imposto maior. Além do juro menor, o preço de veículos novos e usados caiu nos nove primeiros meses do ano, segundo dados do IBGE. Contribuem para essa queda não só as promoções mas também o fato de mais de um terço dos carros vendidos no país ser fabricado no exterior, o que os torna mais baratos em um momento de queda do dólar.

Luiz Carlos Mello, coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos), diz que a retomada do crédito foi mais importante para o setor do que o benefício tributário, já que a maior parte das vendas (63%) é feita a prazo. Ele lembra que a redução do imposto serviu exatamente para compensar a falta de recursos para financiamento provocada pela crise entre 2008 e 2009. "Enquanto houver uma combinação de crédito farto e acessível, principalmente com mais prazo, essa expansão vai continuar", diz Mello.

O presidente da Anef (associação que reúne os bancos das montadoras), Décio Carbonari de Almeida, estima que o total de financiamentos ultrapasse R$ 180 bilhões (US$ 105,9 bilhões) neste ano e chegue aos R$ 200 bilhões (US$ 117,6 bilhões) em 2011. "O financiamento vai crescer mais que as vendas, porque os novos clientes dependem mais do crédito." Os dados do Banco Central também mostram que a maior parte dos financiamentos tem sido feita por meio do CDC (Crédito Direto ao Consumidor), que representam 71% do total. O leasing, que respondia por mais de 40% das vendas há um ano, tem hoje uma participação de 29%.