01/10/08 14h16

Apesar da crise, fabricantes de brinquedos prevêem crescer até 30%

Gazeta Mercantil – 01/10/2008

A crise financeira recente, que recolocou o dólar no patamar de R$ 1,90, não chegou a tempo de alterar os planos da indústria de brinquedos. Cerca de 35% das vendas anuais deste setor concentram-se ao redor do Dia das Crianças, e mais 30% no Natal. Embora as datas ainda estejam por vir, as encomendas para elas já foram rodadas, e, seguindo a tendência dos últimos anos, contaram fortemente com as importações para complementar a oferta de produtos. Segundo cálculos da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedo (Abrinq), as vendas das empresas para o dia das crianças foram até 8% maiores que o apurado no ano passado. O número está em linha com a previsão feita no início do ano, de crescimento de 8,4% no faturamento da produção nacional em 2008, para R$ 940 milhões (US$ 489,6 milhões). Já no caso das importações as projeções foram revistas, de alta de 15%, no início do ano, para mais de 50% depois de encerrado o ciclo de produção para o Dia das Crianças. Isso significa um valor acima dos R$ 2 bilhões (US$ 1,04 bilhão). "Imaginávamos que o volume de produtos trazidos de fora já estava acomodado", disse o presidente da Abrinq, Sinésio da Costa. "Mas o dólar acentuou a queda, ficou abaixo do R$ 1,60 , e fez todo mundo voltar a importar", afirmou. Para a Mattel, norte-americana dona de marcas como Barbie, Polly e Hot Wheels, nem os cinco recalls que anunciou no último ano afetou o otimismo das vendas no País. A empresa não revela números, mas informa que está em compasso com o crescimento desse mercado no Brasil, que deve subir 16% e chegar a R$ 3,2 bilhões (US$ 1,7 bilhão) neste ano. "O Brasil está entre os seis maiores mercados que temos, ao lado de Inglaterra, França, México e Estados Unidos", disse o gerente geral da empresa no Brasil, Alejandro Rivas. Na Estrela, a participação dos importados nos negócios da empresa subiu de 20% em 2006 para os atuais 45%, mas esse modelo pode ser revisto. "Com as mudanças nos parâmetros da economia, nós devemos rever se continuamos a importar o mesmo volume ou produzimos mais", afirmou o presidente, Carlos Tilkian. Hoje, o uso da capacidade produtiva instalada no Brasil chega a 70%, antes do apelo dos importados, chegou a passar dos 90%. É com essa margem que a Estrela conta trabalhar no caso de reduzir as compras externas. As medidas, no entanto, valeriam apenas para 2009. Neste ano a empresa mantém a projeção de crescer até 30%.