18/08/09 11h15

Aos 40, Embraer sonha com mercado interno

Valor Econômico

Em boa parte da sua história, a Embraer desfrutou o triunfo de estar sempre entre os maiores exportadores do país. Mas hoje a companhia sofre diante de um cenário inverso, com os principais clientes no exterior e em crise. Na Embraer, os planos para a vida depois dos 40 sustentam-se na esperança de que as linhas aéreas brasileiras comecem a interessar-se mais pelas rotas regionais, mercado em que a fabricante de aviões atua.

Criada no dia 19 de agosto de 1969, a Embraer acostumou-se a negociar no exterior. É de outros países que vinha o interesse pelos aviões menores, compatíveis com as viagens regionais. O resultado é que hoje a empresa vende para mais de 70 países. Mas somente 4% da sua receita - US$ 6,3 bilhões no ano passado - saem do Brasil, incluindo aí a área de defesa. Hoje a companhia ocupa a quarta posição entre os maiores exportadores do país, atrás de Vale, Petrobras e Bunge Alimentos.

No Brasil, o interesse pelas rotas regionais começou a despontar somente no ano passado, com as primeiras encomendas da Azul e Trip. Curado diz ainda ter esperanças de que esse mercado cresça. Para o executivo, a diversificação da carteira dos fornecedores seria uma saída possível se a carga tributária fosse menos pesada. Curado defende um programa de incentivos governamentais como forma de atrair investimentos do setor. E cita como exemplo o México, que, mesmo sem um fabricante local de aviões, promoveu um programa de incentivos fiscais. Como resultado, comenta, a Bombardier, fabricante canadense e principal concorrente da Embraer, decidiu instalar uma unidade de montagem no México.

Com a redução no ritmo de atividade, a empresa também prevê uma receita menor para este ano. Curado espera um faturamento de US$ 5,5 bilhões, o que representará uma queda de 12,7% em comparação com o de 2008. Para Curado, tanto os fabricantes de aeronaves como as companhias aéreas do mundo devem preparar-se para enfrentar uma crise que não terminará antes de 2012. "A crise ainda é grave, mas vamos atravessá-la e sobreviver", afirma.