26/01/10 14h27

Anhanguera volta às compras, com US$ 174,4 milhões na mão

Valor Econômico

Após um 2009 sem nenhuma aquisição, a Anhanguera já se prepara para uma nova temporada de compras. No final do ano passado, a instituição de ensino superior paulista captou no mercado financeiro R$ 300 milhões (US$ 174,4 milhões) para seu plano de expansão. "Acredito que 2010 será um ano com grandes negócios. Nosso foco são as faculdades localizadas em cidades com mais de 100 mil habitantes. Há no país 250 cidades com esse perfil e estamos apenas em 40 cidades. Ainda há muito para crescer", diz Ricardo Scavazza, vice-presidente operacional da Anhanguera.

O executivo está de olho principalmente nas 10 maiores capitais do país. Hoje, está presente em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. As aquisições são o caminho mais rápido para a instituição de ensino atingir a sua meta de praticamente dobrar a quantidade de campi, que hoje é de 54 unidades. O plano de expansão da companhia prevê 100 campi daqui cinco anos. Desde a entrada do fundo de private equity Pátria, em 2004, a Anhanguera vem crescendo de forma exponencial. Naquele ano a universidade tinha 10 mil alunos e hoje esse número saltou para 250 mil. Desse volume, 150 mil estão matriculados nos cursos presenciais e os demais nos cursos a distância.

Esse crescimento é fruto das 20 aquisições realizadas entre 2007 e 2008, que demandaram investimentos de quase R$ 680 milhões (US$ 361,7 milhões) - recursos provenientes do IPO (abertura de capital na bolsa de valores) realizada no início de 2007. A Anhanguera ostenta o título de maior compradora de faculdades e a primeira instituição de ensino a abrir o capital no país. Com o IPO e uma segunda oferta de ações, concluída em 2008, a companhia captou um total de R$ 860 milhões (US$ 500 milhões).

O público da Anhanguera são os "adultos trabalhadores", como define Scavazza. Eles estudam no período da noite e pagam, em média, uma mensalidades de R$ 400 (US$ 233). A previsão do mercado é que a Anhanguera tenha fechado o ano de 2009 com um faturamento de R$ 900 milhões (US$ 456,9 milhões).

Com uma gestão profissionalizada e um grande volume de alunos para justificar uma mensalidade na casa dos R$ 400 (US$ 233), a Anhanguera e outras faculdades consolidadoras (compradoras de outras) têm agora como desafio melhorar a qualidade no ensino. Das 18 faculdades adquiridas pela Anhanguera, apenas a gaúcha Faplan obteve a nota 4 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2008. As demais instituições oscilaram entre os conceitos 2 e 3. As notas do Enade variam de 1 a 5. Segundo especialistas, a credibilidade da instituição de ensino será fator essencial para a sobrevivência da faculdade. Isso porque daqui alguns anos o mercado já estará consolidado, com muitas faculdades praticando o mesmo patamar de preços.