Angola resiste e anima indústria brasileira
Valor Econômico - 02/04/2009
Quase uma centena de empresários não desgrudava os olhos de uma apresentação sobre Angola ontem em São Paulo. Funcionários do governo explicaram o posicionamento dos concorrentes e as oportunidades para o Brasil. Na terça-feira, a cena foi a mesma em Florianópolis com 75 empresários. Hoje é a vez de Recife. Qual é a explicação para o interesse por um mercado na África, que reúne apenas 16 milhões de pessoas? A resposta é simples: o ritmo das vendas brasileiras para Angola, por enquanto, resiste à crise - um milagre em meio à queda de 30% nas exportações de manufaturados no primeiro trimestre.
Um levantamento da Agência de Promoção de Exportações (Apex) apontou que as exportações para Angola cresceram 54% entre outubro de 2008, quando a crise começou, e fevereiro de 2009. O ritmo foi o mesmo de outubro de 2007 a fevereiro de 2008. Em ambos os casos, a comparação é com igual período um ano antes. Em outros mercados, maiores e mais importantes para o Brasil, o cenário é bem mais complicado. Para a Argentina, as exportações caíram 23% entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009 com relação aos 12 meses anteriores, contra alta de 39% entre outubro de 2007 e fevereiro de 2008. O Brasil é o quarto maior fornecedor do país, que importa quase tudo que consome. Segundo Ulisses Pimentel, analista da Apex, alguns fatores beneficiaram os produtos brasileiros: a presença de construtoras como Odebrecht e Camargo Correa, boas relações políticas, o mesmo idioma e até o sucesso das novelas. Mais de 80% das vendas brasileiras para Angola são produtos manufaturados, com destaque para veículos, tratores e autopeças, que respondem por 20% das vendas brasileiras, e máquinas e motores, com outros 15%.