30/09/10 13h11

Andorinha expande área, na contramão dos hipermercados

Valor Econômico – 30/09/10

Enquanto os hipermercados vêm perdendo faturamento e diminuindo a área de vendas para recuperar rentabilidade, um supermercado a quase 20 quilômetros do centro de São Paulo vive uma realidade diferente. No bairro do Horto Florestal, na zona norte da capital, o Andorinha está em reforma: todas as lojas de apoio que ficavam na frente dos caixas foram retiradas, abrindo espaço para aumentar a área de vendas de 5,5 mil m2 para 6,6 mil.

Até o início de 2011, o número de caixas do Andorinha vai pular de 84 para 107 - um hipermercado padrão tem de 3 mil a 4 mil m2 e de 30 a 50 caixas. E o faturamento, que no ano passado foi de R$ 234, 9 milhões (US$ 119,2 milhões), deve chegar a R$ 300 milhões (US$ 176,5 milhões) até dezembro, quase 30% mais. Qual é o segredo? "O Andorinha é um hipermercado que não perdeu o jeitão de vendinha de bairro", diz Amauri Gouveia, diretor operacional da empresa, fundada por seu pai em 1974. Na época, o armazém funcionava em 232 m2 com três caixas, no mesmo endereço, entre a rua Vaud e a avenida Parada Pinto.

Hoje, o prédio tem mais de 110 mil m2 e inclui um shopping com 80 lojas (para onde os lojistas à frente dos caixas foram transferidos), com adega de vinhos, salão de beleza, correios, uma unidade do Magazine Luiza, entre outros. O shopping foi inaugurado no fim do ano passado, com investimentos de R$ 20 milhões (US$ 10,2 milhões). Na garagem, com 1.480 mil vagas, o Andorinha construiu um túnel por baixo da rua ligando os dois prédios.

Apesar da presença de outros três supermercados grandes em um raio de 2,5 mil metros, todo dia cerca de 35 mil pessoas frequentam o Andorinha, administrado por Amauri Gouveia e seus dois irmãos Alécio e Adilson Gouveia. Os três começaram a trabalhar na empresa aos 14 anos. Amauri, depois de começar como empacotador, foi ajudar no açougue. Sua experiência no setor de carnes começou a mudar o supermercado, no início dos anos 80. "Comecei a vender rabada fatiada. De cinco sacas de 20 quilos que vendíamos por semana, passamos para 50", recorda.

Foi a partir daí que os irmão passaram a tentar antecipar desejos e soluções que pudessem facilitar a vida do cliente. É por isso que a loja até hoje ainda tem empacotadores. Eles embalam os produtos gelados em sacolinhas de cor diferente das normais. "Os perecíveis vão nas sacolas amarelas e os itens normais na branca. Assim, a dona de casa que faz a compra apressada antes de ir para o trabalho, chega em casa e não precisa ficar procurando de saquinho em saquinho o que tem que colocar na geladeira", diz Gouveia.

Seguindo essa filosofia, o Andorinha é um dos poucos supermercados onde é possível, por exemplo, encontrar claras de ovos vendidas separadamente, embaladas em garrafas plásticas, depois de pasteurizadas. Na área de frios, o cliente não precisa ficar na fila do presunto fatiado na hora junto com seu carrinho: bem ao lado há uma espécie de estacionamento para eles. A antiga máquina de moer café na hora - aposentada em quase todos os supermercados - no Andorinha continua funcionando a todo vapor. Sugestões de clientes também passaram a ser bem-vindas. Uma delas foi vender filé de peito de frango moído. "É um dos sucessos da área de carnes", afirma Gouveia.