01/07/10 10h44

América do Sul fará aliança em internet

Folha de S. Paulo

Brasil, Chile, Uruguai, Argentina e Peru articulam aliança para elevar a oferta e baratear o custo da banda larga em toda a América do Sul. A aliança começou a ser costurada, na semana passada, em um encontro reservado entre representantes dos cinco países, em São Paulo.  Segundo o subsecretário de Telecomunicações do Chile, Jorge Atton, que esteve no encontro, a ideia é construir uma rede de transmissão de dados que interligue a Europa à América do Sul e que tenha portas de entrada em todas as capitais do países. Atton disse que o governo brasileiro trabalha para que a Oi se torne operadora com atuação regional em toda a América do Sul. Ele disse que não vê problema em que a Oi desempenhe esse papel, atuando em cada país em parceria com uma operadora controlada por capital local.

Do México à Argentina, segundo o subsecretário, a banda larga está nas mãos de dois grupos: Telefónica (de controle espanhol) e América Móvil, do megaempresário mexicano Carlos Slim, que no Brasil controla Embratel, Claro e é acionista da operadora de TV a cabo Net. "Queremos uma alternativa ao duopólio", disse Atton. Segundo Atton, a conexão internacional representa 40% do custo do acesso à internet. Entre a Europa e a América do Sul, há só dois cabos de interligação. Já a América do Norte se conecta com 20 cabos à Europa.

Atton fala com conhecimento de causa sobre as práticas das empresas de telecomunicações. Até assumir o cargo no governo, em 2009, era presidente da empresa de telefonia chilena Telefónica del Sur. O Chile é o país da região onde há maior competição nesse setor.  Segundo ele, o Brasil tinha dois representantes no encontro em São Paulo -o assessor especial da Presidência da República César Alvarez e o secretário do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins-, que teriam deixado claro que o governo brasileiro encara as telecomunicações como setor estratégico para a região.

O próximo passo para o plano articulado em São Paulo seguir adiante será cada governo fazer o levantamento das necessidades de demanda de seu país - levando em conta os projetos governamentais de universalização do acesso à internet, como os de conexão de escolas, hospitais e delegacias em banda larga.