Aluguel de cozinha em São Paulo vira negócio e já tem até franquia
O Estado de S. PauloA frase "visite a nossa cozinha" deixou de ser apenas sinal de credibilidade e se tornou um modelo de negócio: as cozinhas compartilhadas.
De olho num público variado, que compreende de donos de food truck a amigos reunidos para um jantar, empresários montaram espaços com equipamentos profissionais para alugar por diária ou contrato.
"A gastronomia está se tornando cada vez mais cultural, uma fonte de inspiração para diferentes negócios. Esses locais servem de berço para esses projetos", afirma Juliana Berbert, consultora do Sebrae-SP.
O empresário Wolfgang Menke, 35, investiu R$ 220 mil com quatro sócios para transformar a cozinha de um armazém na House of Food, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, em 2014.
O local é aberto ao público no almoço e no jantar. "Somos uma espécie de restaurante fixo", diz Menke.
A casa banca os custos operacionais, como atendimento, serviço de bar e guardanapos. Os locatários, em sua maioria donos de food bikes e amadores planejando abrir um negócio, ficam responsáveis pelas refeições.
Para isso, pagam uma taxa de R$ 280 por dia, mais 30% do valor das vendas.
A House of Food oferece ainda orientação aos novatos sobre quanto cobrar e como organizar as finanças. "Parte do nosso negócio é profissionalizar as pessoas", afirma o empresário.
Com mais de 150 usuários, a companhia faturou em torno de R$ 1 milhão no primeiro ano e abriu franquias no Rio e em Belo Horizonte.
Às segundas e terças quem utiliza o local é Felipe Graziani de Carvalho, 27, que faz empanadas artesanais.
Ele vende os produtos por atacado. Há três meses implementou o negócio com uma food bike. "Levo apenas a matéria-prima para a House of Food. Todo o resto de que preciso, eu tenho lá."
Carvalho diz que sempre teve vontade de abrir um espaço próprio, "mas o momento não é bom para investir".
Forno, fogão e escola
Quem também apostou no fogão compartilhado foi a nutricionista Cristina Souza, 39, que abriu em 2015 com dois sócios o Hub Food Services, em Perdizes (zona oeste).
Além de equipamentos como fogão de indução, embalador a vácuo e câmara frigorífica, o espaço abriga laboratório de sorvetes, recepção, projetor e sistema de som.
O investimento foi de cerca de R$ 150 mil, segundo ela. "Parte importante foi gasta na infraestrutura elétrica. Os equipamentos exigem muita energia", diz Souza, que faturou R$ 230 mil em um ano.
Ela recebe em média 12 clientes mensais, entre start-ups, profissionais que dão cursos de culinária e bufês. Eles pagam a partir de R$ 374 por quatro horas.
A confeiteira Danielle Trolezi, 32, usa o espaço para dar cursos de brigadeiros. "É o que eu preciso em termos de tamanho, estrutura e preço."
Segundo Berbert, do Sebrae-SP, uma oportunidade ainda não explorada por esses espaços é atender um público de renda mais baixa.
"Quantos microempreendedores individuais trabalham fazendo doces, cachorro quente, que estão na rua e não têm um espaço legal?"