09/03/08 11h29

Alta do PIB alcança expansão das empresas

Folha de S. Paulo - 09/03/2008

Há uma China em gestação dentro do Brasil, com taxas de crescimento anual que passam de 10% ao ano, pelo menos desde 2001. Uma elite de grandes empresas brasileiras consegue o feito mesmo com o crescimento baixo do passado recente do país, que só no ano passado ultrapassou os 5%. A novidade é que a expansão do PIB chegou à altura do avanço das empresas que iniciaram o mais recente ciclo de crescimento. Estudo da consultoria Economática mostra que, enquanto o PIB crescia em torno de 3% nos últimos anos, as empresas abertas brasileiras do setor produtivo tinham aumento vigoroso de mais de 6% em suas receitas. Com uma expansão do PIB entre 5,2% e 5,3% -o IBGE divulga na quarta o dado oficial-, esses dois mundos voltam a se aproximar. Ou seja, o crescimento vigoroso se espalha pela economia. No levantamento, as empresas do setor varejista elevaram suas receitas em 13,32% em 2007 -o dobro da expansão de 6% esperada pela LCA Consultores e de 6,1% projetada pela Tendências para o consumo das famílias. No estudo, o investimento das maiores empresas -excluindo a Vale, que comprou a canadense Inco por US$ 15 bilhões- cresceu 10%, pouco menos que os 13,5% previstos pela LCA e os 13,4% da Tendências para a expansão do nível de investimento do país. O estudo leva em conta cerca de cem empresas de capital aberto que já divulgaram seus resultados de 2007, mas desconsidera os bancos. Também exclui companhias que passaram por mudanças relevantes, como fusões e cisões. Fora das fronteiras brasileiras, o motor da recuperação do PIB no início da década veio das exportações, especialmente de commodities minerais e energéticas. A partir de 2001, a China precisou importar insumos para suprir seu parque industrial. A escalada no preço de commodities depois contaminou os alimentos, de que o Brasil é também produtor. Para o país, a mudança trouxe uma enxurrada de dólares, reequilibrou a taxa de câmbio, aumentou a confiança na economia, possibilitou a queda nos juros, aumentou o investimento privado e permitiu a expansão do crédito.