16/03/11 14h07

Alstom discute TAV com empreiteiras e grupos chineses

Valor Econômico

Mesmo com as incertezas que ainda pairam sobre o projeto de trem de alta velocidade (TAV) no Brasil, a francesa Alstom está em intensas negociações com as grandes construtoras brasileiras para participar do leilão previsto para acontecer em menos de um mês. O presidente mundial da companhia, Patrick Kron, diz que todas as opções estão sendo estudadas e abriu a possibilidade para que a companhia seja sócia do empreendimento, apesar de não ser comum para uma fornecedora de equipamentos ter esse tipo de participação. Também uma parceria com os chineses para a produção dos equipamentos é analisada. Vencer a licitação do TAV, se ela de fato acontecer, é importante para o setor de transportes na Alstom do Brasil porque hoje a empresa está com capacidade ociosa em sua fábrica no bairro da Lapa, em São Paulo, depois que entregou mil caixas de carro de metrô para a cidade de Nova York. Além disso, a empresa tem poucos contratos de novos trens para o Brasil em carteira, apenas 12 para o metrô de Brasília.

O presidente mundial da Alstom diz que não se preocupa com a competição dos chineses, principalmente no mercado brasileiro, pois entende que pode apresentar melhores condições de prestação de serviços, melhor tecnologia, atendimento pós venda e ainda tem possibilidade de fazer projetos completos ("turn key", que envolvem todas as áreas e não só a produção de trens). No caso do TAV brasileiro, a exigência ainda é que se faça um projeto "turn key" que envolva também a construção civil. Os custos da parte civil são estimados em 90% do total do fornecimento de serviços e equipamentos e vão ser especialmente caros, segundo Kron, em virtude do traçado do projeto. O diretor mundial de trem de alta velocidade da Alstom, Phillipe Jarrosson, diz que o equipamento mais comum é conhecido como TAV. Mas um de altíssima velocidade, que é a quarta geração do equipamento (AGV - Automotrice Grande vitesse), já está sendo construído e foi vendido para um grupo italiano. Esse trem é mais rápido e com custo de manutenção 15% menor, além de transportar mais passageiros pois a motorização fica sob o trem e não ocupando o primeiro e último vagão, como no TAV.

Interessa também à Alstom que os bondes, conhecidos pela sigla VLT (Veículos Leves sobre Trilhos), passem a fazer parte da realidade de transportes das cidades brasileiras. O primeiro contrato foi firmado com o governo do Distrito Federal e a cidade de Santos demonstrou interesse. Mas o contrato fechado com o Distrito Federal foi suspenso pelo Ministério Público junto com um pacote de obras que haviam sido contratados pelo ex-governador José Roberto Arruda, que teve seu mandato cassado no ano passado. O mercado latino americano é ainda muito pequeno para a Alstom na produção de VLT e bastante forte na Europa. Mas a expectativa é de que o cenário mude e a Europa perca participação. A previsão é que o mercado mundial de VLT cresça anualmente mais de 20% na Ásia, 10% nos Estados Unidos e 40% na América Latina. Já na Europa Ocidental a queda seria de 1%.