05/04/11 11h09

Alstom cria primeira linha de produção

Valor Econômico

O gigantismo das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio tem transformado não só a pauta trabalhista de obreiros da construção civil ou o mapa da geração hidrelétrica do país, mas também a vida dos fornecedores internacionais de equipamentos. Pela primeira vez em sua história, a empresa francesa Alstom está usando, em sua fábrica em Taubaté, interior de São Paulo, uma linha de produção, a exemplo do que é comum na indústria automobilística, para a produção de equipamentos mecânicos de turbinas hidrelétricas.

O ganho de produtividade foi tamanho que outras linhas de produção de equipamentos mecânicos vão começar a ser usadas nas unidades da China e Europa, segundo a vice-presidente global de pesquisa e desenvolvimento do negócio de hidrelétricas da Alstom, Maryse François. A engenheira fica em Grenoble, na França, onde está o centro tecnológico de hidrelétricas da empresa e que neste momento testa as turbinas que serão usadas em Belo Monte.

Não são todos os equipamentos mecânicos, entretanto, que podem ser produzidos em linha, em função de seu tamanho. Uma das partes da turbina que permite esse tipo de produção se encaixa perfeitamente é na fabricação de palhetas. As palhetas compõem a parte de trás da turbina e o jogo de três ou quatro delas forma um tipo de motor, como os usados em barcos e navios. O uso da linha de produção permitiu o ganho de nove horas na confecção de cada peça. Quando os preços para as usinas do Madeira foram cotados, a produção levaria 35 horas e agora é de 26 horas. Outra vantagem da linha de produção é que em caso de erro, o processo afeta apenas uma palheta e não todas.

Outras partes das turbinas também começam a ser produzidas em linha na fábrica de Taubaté, que já se prepara para fornecer equipamentos também para Belo Monte e Teles Pires. As duas hidrelétricas, entretanto, têm uma característica diferente de Jirau e Santo Antônio. As turbinas do tipo bulbo, usadas nas usinas do Madeira, são usadas em maior quantidade. Quase uma centena delas está sendo produzida para atender a demanda das usinas. A parte da Alstom corresponde a 30 turbinas e 39 geradores. A demanda é tamanha que toma conta de quase toda a capacidade de produção de Taubaté. É por esse motivo que parte das turbinas de Jirau está sendo feita em Grenoble, em uma pequena fábrica contígua ao centro tecnológico.