ALL pode investir R$ 950 mi este ano
Jornal do ComércioA América Latina Logística (ALL) revisou a previsão de investimentos para as operações ferroviárias neste ano de R$ 800 milhões para o intervalo entre R$ 900 milhões e R$ 950 milhões. Segundo a administração da companhia, a decisão reflete os aportes extraordinários feitos além do capex orgânico recorrente.
O valor não inclui os investimentos para a duplicação do trecho ferroviário de Campinas ao Porto de Santos, que é parte do contrato assinado com a Rumo Logística, controlada do conglomerado de infra-estrutura e energia Cosan, em 2009.
No terceiro trimestre, os investimentos nas operações ferroviárias somaram R$ 260,1 milhões, crescimento de 50,6% quando comparado com o montante de R$ 172,7 milhões do mesmo período de 2013. Em 2014, no acumulado até setembro, os aportes em manutenção e expansão foram de R$ 810,1 milhões, aumento de 44,5% na comparação anual.
BB reduz preço
A revisão nos investimentos levou o Banco do Brasil a reduzir o preço-alvo das ações em 3,75%, de R$ 8 para R$ 7,7 para este ano. O valor considera potencial de valorização de 17%, considerando o fechamento desta segunda-feira, em R$ 6,58. O BTG Pactual optou por manter o preço e a recomendação de compra dos papéis, em R$ 14, expectativa de aumento de 112%.
“Em função da revisão do guidance de capex e da maior dívida líquida da companhia reduzimos o preço-alvo”, afirmou a equipe do Banco do Brasil em relatório enviado à imprensa. Apesar da redução do preço justo para a ação, a instituição eleva a recomendação de market perform, ou desempenho em linha com o mercado, para outperform, ou desempenho acima da média.
Cenário adverso
De acordo com o BB, a menor demanda no terceiro trimestre ficou comprometida com o cenário adverso para commodities agrícolas, que resultou na redução dos preços do frete no mercado spot, com impacto no yield ferroviário que avançou 3,1% na base anual.
Para o BTG, os números gerais foram em linhas com as estimativas, com destaque para o fluxo de caixa positivo, mesmo com o investimento de R$ 260 milhões nas operações no período.
Fusão
O relatório do BTG para clientes aponta que o maior catalisador para as ações da ALL será a aprovação da fusão entre a operadora com a Rumo Logística, da Cosan, que ainda está sendo avaliada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O BB considera que o acordo continuará a enfrentar resistência entre as empresas que usam a malha ferroviária, que temem ser prejudicadas com a possibilidade de a nova companhia priorizar transporte de cargas da Cosan.
“Dado a complexidade da estrutura da fusão proposta, o Cade deverá encaminhar o pedido de fusão ALL-Rumo ao Tribunal com indicação de restrições em relação à proposta inicial. Ainda aguardamos o desfecho dos órgãos reguladores e a estratégia da administração para revisarmos o preço da companhia resultante da fusão”, destacou o BB.