23/06/08 11h51

ALL negocia expansão com Constran

Valor Econômico - 23/06/2008

A América Latina Logística (ALL) está em negociações adiantadas com um consórcio formado pela Constran e dois fundos de investimento voltados à infra-estrutura para a construção de 262 quilômetros na malha da antiga Ferronorte, concessão que passou ao controle da ALL na compra da Brasil Ferrovias, concluída há dois anos. A obra é estimada em R$ 710 milhões (US$ 435,6 milhões). O consórcio já apresentou proposta para construir o trecho, que vai se estender de Alto Araguaia até Rondonópolis, no Mato Grosso. O projeto irá criar um corredor ferroviário com 1,4 mil quilômetros de extensão para o escoamento da soja do Centro-Oeste até o porto de Santos (SP). O presidente da ALL, Bernardo Hess, disse na sexta-feira, sem citar nomes, que, na verdade, há dois grupos interessados na construção. Uma fonte do setor interpretou a declaração de Hess de que ainda há dois grupos na disputa pela obra da Ferronorte como "estratégia de negociação", uma vez que o contrato com a Constran e os fundos não foi assinado. Não se pode descartar, no entanto, segundo a fonte, que a ALL desconsidere proposta de outros investidores. A expectativa da ALL é colocar em operação o trecho Alto Araguaia-Rondonópolis até 2011, se iniciada em 2009. Hoje, a ferrovia se estende por 512 quilômetros entre Aparecida do Taboado, na divisa do Mato Grosso do Sul com São Paulo, até Alto Araguaia (MT). Parte da produção agrícola do Mato Grosso segue via caminhão até o terminal de Alto Araguaia, onde há estrutura de armazenagem. São cerca de 7 milhões de toneladas anuais de grãos que chegam por caminhão. No local, a produção agrícola é embarcada nos trens da Ferronorte, que seguem, via Ferroban (outra concessão da ALL), em direção ao porto de Santos, onde a empresa tem participação no Terminal de Granéis do Guarujá (TGG). Caso se confirme, o contrato será o maior da Constran nos últimos cinco anos - a construtora divide com a Odebrecht as obras do Rodoanel paulista (R$ 500 milhões/US$ 306,8 milhões); constrói um ramal do metrô de São Paulo (R$ 100 milhões/US$ 61,3 milhões), além de dois trechos da ferrovia Norte-Sul (R$ 430 milhões/US$ 263,8 milhões). Dos R$ 710 milhões estimados para o projeto, o BNDES deve financiar 80% e a Constran e os fundos de investimento, 20%.