07/06/11 11h47

Álcool precisa de US$ 60,6 bilhões em investimentos em dez anos

Folha de S. Paulo

Os produtores de etanol terão de investir R$ 97 bilhões (US$ 60,6 bilhões) até 2020 para atender a um aumento de 170% na demanda nesse mesmo período, segundo estimativa divulgada ontem pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética). Somente na produção os investimentos devem somar R$ 90 bilhões (US$ 56,3 bilhões). O restante deve ser destinado à estrutura dutoviária e portuária. O volume total projetado para os próximos dez anos é 50% maior do que o previsto para o período 2010-2019.

A revisão deve-se à maior demanda pelo combustível, puxada principalmente pelo aumento da frota de veículos flex fuel. A EPE calcula que o consumo de etanol chegue a 73 bilhões de litros em 2020. No ano passado, ele atingiu 27 bilhões de litros. O setor, no entanto, continua esperando uma sinalização do governo para investir. A principal queixa envolve a competitividade do combustível em relação à gasolina, que tem seu preço inalterado nas refinarias desde 2009.

"Se conseguirmos fazer com que o etanol volte a ser competitivo ante a gasolina, teremos imensos investimentos", disse ontem Marcos Jank, presidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), após o Ethanol Summit, evento do setor. Mas o governo continua descartando reduzir o preço da gasolina. "Vamos tentar manter o preço da gasolina por bem mais tempo ainda", disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, presente no mesmo evento. Prevendo problemas de oferta na próxima entressafra, Lobão afirmou que mantém conversas frequentes com usineiros e sinalizou que, se a oferta não for suficiente para atender à demanda, o governo voltará a reduzir a mistura de álcool à gasolina, hoje entre 18% e 25%.

O cenário para liberação de crédito também não deve sofrer grandes mudanças. Apesar de prever "aceleração dos investimentos", o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que os desembolsos para o setor devem somar entre R$ 30 bilhões (US$ 18,8 bilhões) e R$ 35 bilhões (US$ 21,9 bilhões) nos próximos quatro anos. Considerando o piso dessa faixa, seriam R$ 7,5 bilhões (US$ 4,7 bilhões) por ano, praticamente em linha com o liberado no ano passado pelo BNDES para o setor: R$ 7,6 bilhões (US$ 4,3 bilhões).