26/03/15 14h16

Airship inicia produção sem participação da Engevix

Valor Econômico

A Airship, controlada pela transportadora Bertolini, inaugura amanhã um hangar em São Carlos (SP) para a construção do protótipo do primeiro dirigível brasileiro, que deve ficar pronto em dezembro para homologação pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O modelo terá capacidade para 1,2 tonelada de carga e até o fim de 2017 será desenvolvida nova versão, desta vez para transportar até 30 toneladas, disse o diretor da empresa, Paulo Vicente Caleffi.

A empresa tinha participação da Engevix, que deixou o projeto em função das dificuldades enfrentadas após o envolvimento na Operação Lava-Jato, que apura desvios de recursos em projetos da Petrobras.

Conforme o executivo, a Airship recebeu investimentos de R$ 50 milhões em quatro anos, incluindo a construção do novo hangar, que substituirá outras três unidades onde já são produzidos aeróstatos (veículos flutuantes fixos). A unidade ainda será ampliada para a produção dos modelos de 30 toneladas, que terão 160 metros de comprimento por 42 metros de altura, ante os 45 metros de comprimento e 14 de altura da versão de menor porte. Parte do projeto foi financiado pelo BNDES.

Caleffi não revelou os preços das aeronaves nem a estimativa de faturamento, mas adianta que o plano é abrir o capital da empresa "provavelmente" em 2016.

A tecnologia e as patentes dos dirigíveis foram adquiridas por US$ 1,3 milhão de uma empresa americana que não deu prosseguimento à produção, disse o executivo. Segundo ele, o primeiro veículo com capacidade para 1,2 tonelada produzido após a homologação será adquirido pela Eletrobras para uso em serviços de inspeção de linhas de energia. Outro será utilizado pela escola de formação de pilotos da própria Airship.

A Eletrobras também fez encomenda de seis unidades com capacidade para 30 toneladas, que serão empregadas nos trabalhos de instalação de redes de transmissão. Além disto, a Bertolini vai adquirir uma aeronave para fazer o transporte de mercadorias entre a Zona Franca de Manaus e um centro de distribuição em Goiânia (GO).

Os dirigíveis para 30 toneladas serão equipados com quatro motores a diesel e usarão gás hélio, que não é inflamável, para flutuação. Eles poderão voar a 100 quilômetros por hora e a 700 metros de altura e poderão cumprir a rota Manaus-Goiânia em 26 horas, enquanto de caminhão a viagem leva oito dias, em média, de acordo com a Airship. A estrutura das aeronaves será de fibra de carbono.

Segundo Caleffi, durante a inauguração do hangar será apresentado o protótipo da gôndola (cabine da tripulação) do primeiro dirigível. Também serão lançadas as três primeiras versões de aeróstatos da empresa.