30/01/08 10h26

Ainda longe da crise, setor industrial vê crescimento

Folha de S. Paulo - 30/01/2008

Levantamento feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) com 1.400 empresas identificou que o setor industrial prevê para os próximos seis meses expansão da produção, maior uso da capacidade instalada e aumento de faturamento, emprego e aquisição de matérias-primas. A sondagem foi realizada entre os dias 2 e 22 deste mês -antes, portanto, do período de turbulência no mercado financeiro internacional. Embora o levantamento não dê indicações sobre a percepção dos empresários após a piora do ambiente externo, a CNI mantém a indicação de um cenário interno favorável com estimativa de crescimento de 5% para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e de 5% para a atividade industrial. A avaliação, conforme aponta o economista-chefe da entidade, Flávio Castelo Branco, é que o ambiente de negócios irá se manter dinâmico e que a demanda interna aquecida compensará eventual perda de ritmo no mercado externo. "O Brasil está em uma situação diferente. Em outras crises, as reservas eram baixas, a dívida externa, elevada, o câmbio era fixo, e os juros, altos. Agora, o passado não vale. Não contamos que a instabilidade internacional vá contaminar a economia brasileira no curto prazo", diz Castelo Branco. Essa análise otimista está, porém, restrita ao primeiro semestre, que tende a se manter aquecido com o maior consumo. Caso haja deterioração da economia mundial, o país pode começar a sentir os efeitos a partir do segundo semestre. A despeito das indicações favoráveis para a atividade industrial, os investimentos privados podem ser afetados. A indicação é que as decisões de ampliação de fábricas e compras de máquinas consideram horizontes mais longos e, se houver desconfiança quanto à capacidade de a demanda interna se mostrar aquecida diante de um desaquecimento mundial, os industriais poderão adiar decisões de investimento. Até agora, a instabilidade das Bolsas ainda se mantém como uma realidade distante das fábricas. Após vendas robustas no fim de 2007, as indústrias iniciaram 2008 com estoques baixos.