Agroindústrias em ritmo de recuperação
Valor Econômico - 17/11/2006
O ano de 2006 não tem sido tão ruim para as agroindústrias em geral como para agricultores e pecuaristas. Já no primeiro semestre, mesmo com queda do faturamento consolidado - segmentos em boa fase como o sucroalcooleiro compensaram parte da retração -, a cadeia agroindustrial deu sinais de recuperação de rentabilidade e, como um todo, reduziu seu nível de endividamento. Com isso, pode encerrar o ano com resultados melhores que os de 2005, segundo economistas. Para a área sucroalcooleira, a demanda crescente por açúcar e álcool tende a favorecer preços. A alta nas cotações internacionais dos grãos já influencia os valores pagos no mercado interno. A redução da oferta interna por conta do fim da comercialização da safra também estimula as altas. O Índice de Preços por Atacado (IPA), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta incremento de 7,7% nos preços dos produtos agrícolas no acumulado de janeiro a outubro. Só em outubro a alta foi de 5%. O período de custo baixo da alimentação, que foi um componente para campanha de reeleição do Lula, terminou. A recuperação agroindustrial está estampada em estudo da Serasa sobre o primeiro semestre deste ano. O levantamento é baseado nos balanços divulgados por 2.361 empresas do setor - entre frigoríficos, esmagadoras de grãos, laticínios e outras indústrias de alimentos - e mostra que, neste universo, o percentual de queda do faturamento diminuiu para 3%. O segmento agroindustrial também passou a apresentar rentabilidade positiva de 2,2% em relação ao faturamento líquido, e um endividamento correspondente a 159% do valor do patrimônio líquido, ante 174% no ano passado. O crescimento das agroindústrias também foi observado na pesquisa de desempenho industrial realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No primeiro semestre, elas cresceram 1,1% - abaixo da média das indústrias em geral, cujo avanço foi de 2,6%. Os maiores incrementos foram na cana, celulose, fumo, arroz e trigo. As maiores quedas, como era esperado, foram em soja, milho e carnes.