28/04/15 14h08

Agricultura é estratégica para parcerias Brasil-Nova Zelândia

G1

Das oito universidades neozelandesas, cinco já têm algum tipo de parceria com pelo menos uma universidade brasileira. E a Nova Zelândia tem interesse em aumentar esse intercâmbio, especialmente nas áreas da agricultura e meio ambiente. Esta intenção foi revelada pelo ministro da Educação Superior, Trabalho e Emprego da Nova Zelândia, Steven Joyce, que participou nesta segunda-feira (27), em Cuiabá, da abertura da 27ª edição da Conferência Anual da Associação Brasileira de Educação Internacional (Faubai) 2015.

O evento é anual e reúne gestores de relações internacionais de universidades de 23 nacionalidades que buscam parcerias entre si para a internacionalização do ensino superior, que consiste em mobilidade (intercâmbio) de estudantes e professores entre universidades de vários países, a troca de informações sobre pesquisa, a oferta de cursos em língua estrangeira como o inglês, etc. A programação do evento se encerra na quarta-feira (29).

O ministro destaca que o Brasil é um importante player do setor da carne, tanto bovina quanto de aves, além do que detém parte significativa do mercado e soja, açúcar, café e suco de laranja. E Mato Grosso, como maior produtor de grãos e carne bovina do país, tem papel relevante.

“Mato Grosso é forte na produção de carne e quer melhorar sua produção de leite e de laticínios. A Nova Zelândia é muito forte na produção de leite e ainda não é tão forte em carne bovina”, compara. Cerca de 1/3 do comércio mundial de laticínios provém da Nova Zelândia. Por outro lado, Mato Grosso possui o maior rebanho de bovinos de corte do Brasil, com 28,47 milhões de cabeças.

O país da Oceania é ainda o maior exportador de carne de cordeiro do mundo e 95% da produção agrícola são destinados à exportação. As pesquisas das universidades neozelandesas são referência nas áreas de pastagens e forragens para o gado, na gestão ambiental - incluindo o gerenciamento, manejo ambiental e uso sustentável da produção florestal -, em medicina, astronomia, física e ciência, tecnologia e inovação. Outras áreas de destaque ainda são a genética animal, o gerenciamento de propriedades e a biossegurança na agricultura.

“As parcerias entre a Nova Zelândia e países da América Latina podem conectar as duas regiões de uma forma mais geral e não somente os pequenos países que fazem parte dela. Podemos falar em todas essas áreas em um contexto de desenvolvimento regional”, defende Steven Joyce.

A Nova Zelândia tem 4 milhões de habitantes, ocupa a 7ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global e o setor que mais cresce no país é o da indústria de tecnologia. Empresas como Google, Facebook e Linkedin testam produtos e novidades na região. As empresas classificadas como de média-alta e alta tecnologia respondem por 17% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial, sendo que 12% das exportações do país são oriundas dessas mesmas empresas.

Em seu discurso durante a abertura da 27ª Faubai, o governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PDT), lembrou que o estado hoje produz 25% de toda proteína animal e vegetal do Brasil e em dez anos pode produzir 100% dessas proteínas, mas para isso tem o desafio de compatibilizar o desenvolvimento com o respeito às regras de sustentabilidade ambiental.

Para isso, demonstrações de cooperação como a do evento são necessárias. “O que interessa é que estamos ligados a uma causa: o progresso da humanidade. Isso não é possível fazer sem eventos como este, sem cooperação entre aqueles que fazem ciência, que pesquisam, que ensinam”, afirma.

A reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Lucia Cavali Neder, disse que de 2008 até 2015 a instituição acumula quase 500 alunos que já estudaram por meio da mobilidade entre países. “Hoje, em um mundo globalizado em que não só a economia, mas as culturas e as vivências se expandem para além de nossas fronteiras, é imprescindível que nossos estudantes de graduação e de pós-graduação possam vivenciar experiências que alarguem suas fronteiras culturais”, disse.

Bolsas
O governo da Nova Zelândia tem buscado atrair mais estudantes para o seu sistema de ensino.

Em 2013, 2.335 estudantes brasileiros escolheram o país para estudar, uma queda de 10% em relação a 2012. A preferência dos estudantes brasileiros na Oceania é pela Austrália, sendo que, em 2014, segundo levantamento do governo neozelandês, 22.267 brasileiros foram para o país vizinho estudar e é nesses estudantes que o governo da Nova Zelândia pretende concentrar sua atenção.

Para os interessados em disputar uma das 14 bolsas de estudo oferecidas pelo Governo da Nova Zelândia para Mestrado e Doutorado no país, as inscrições estão abertas até o próximo dia 31 de julho. Com foco em desenvolvimento econômico sustentável, a iniciativa faz parte do programa New Zealand Development Scholarships (NZDS) para estudos a partir do ano letivo de 2015-2016. No ano passado, 4 brasileiros foram contemplados pelo programa.

No próximo ano fiscal (até junho de 2016), o governo neozelandês investirá aproximadamente NZ$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 3,5 bilhões) em pesquisa e desenvolvimento, 70% mais que em 2007. Além do Brasil, podem concorrer às oportunidades estudantes de outros 17 países da América Latina.

As bolsas são oferecidas em áreas prioritárias para a Nova Zelândia, com destaque para Desenvolvimento Agrícola e Energias Renováveis – incluindo Desenvolvimento de Energia Geotérmica. Além de mestrado (pesquisa ou trabalho, com duração de 1 a 2 anos) e Doutorado (PhD, com duração prevista de 3,5 a 4 anos), há também a possibilidade de cursar a pós-graduação (6 meses) ou conquistar o diploma de pós-graduação (1 ano).

Agenda do ministro
O ministro Steven Joyce, que está no Brasil desde o dia 25, participou neste dia da cerimônia do ANZAC Day em São Paulo, para lembrar os 100 anos da batalha de Gallipoli na Turquia onde soldados do ANZAC (Forças Armadas da Austrália e da Nova Zelândia) e do Reino Unido perderam suas vidas na Primeira Guerra Mundial.

Em Cuiabá desde domingo (26), Joyce se reuniu com o governador Pedro Taques e também com as reitoras da UFMT e da Universidade de Mato Grosso (Unemat). Reuniu-se ainda com representantes de várias universidades brasileiras e representantes do Ministério da Educação.

Em Brasília, o ministro neozelandês tem agenda hoje à tarde com o Ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. À noite, reúne-se com o presidente do CNPQ e com o reitor da UnB, e com estudantes brasileiros que retornaram da Nova Zelândia pelo programa Ciências sem Fronteiras.

Nesta terça-feira (28), o ministro foi convidado para fazer uma apresentação durante audiência pública para a Comissão de Educação do Senado e também deve se encontrar com o presidente do Sebrae, em Brasília. Na quarta-feira (29), em São Paulo, conversará com empresários da Nova Zelândia no Brasil.