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Agrega faz ponte entre cliente e fornecedor

Valor Econômico - 28/09/2007

Dinheiro chama dinheiro. A máxima popular calça como uma luva na Agrega Inteligência em Compras, empresa criada em 2001 pelas gigantes Souza Cruz e AmBev, líderes nos seus respectivos mercados, para negociar com fornecedores a aquisição de materiais e serviços não utilizados diretamente nas suas atividades fins, no caso, produção de cigarros e de bebidas. As compras anuais da empresa já alcançam R$ 1,5 bilhão (US$ 767,7 milhões), sendo 30% para clientes também parrudos, como a Perdigão e a Nestlé. Segundo Guilherme Botelho, presidente da empresa, as negociações conjuntas estão permitindo à Souza Cruz e à AmBev uma economia anual de R$ 200 milhões (US$ 102,4 milhões), sem contar o faturamento das operações feitas para os clientes, cujo valor ele não revela. O sucesso da experiência no Brasil tem sido tamanho que a British American Tobacco, controladora da Souza Cruz, e a InBev, resultado da união da AmBev com a belga Interbrew, já importaram o modelo para suas filiais da Argentina, Venezuela, México e, mais recentemente, Canadá. Botelho disse que as empresas criadas nos demais países não só utilizam o mesmo modelo, como tem todo o pessoal treinado no Brasil. Pessoal que não é muito, uma vez que praticamente todas as operações são eletrônicas, valendo-se das facilidades da internet. No Brasil, além dos executivos, cedidos pelas controladoras, são apenas 28 pessoas, agrupadas na sede da empresa no bairro da Vila Olímpia, na capital paulista. De acordo com Botelho, a estrutura é enxuta porque a Agrega não se envolve diretamente nas assinaturas de contratos e execução dos pedidos. Essa parte compete a cada empresa. São mais de 120 itens de materiais e serviços negociados atualmente, de combustíveis, veículos e materiais de limpeza até passagens aéreas e hospedagens em hotéis. Insumos, desde que sejam commodities, também podem entrar no cardápio. Por exemplo, a empresa já negociou toda a energia elétrica que a Souza Cruz e a AmBev consumirão até 2014. E para que a escala das compras seja cada vez mais o diferencial, Botelho disse que a companhia busca selecionar seus clientes pelo poder de compra e pela similaridade entre os produtos e serviços que eles adquirem e aqueles comprados pela Souza Cruz e pela AmBev. Além da Perdigão e da Nestlé, constam do cadastro de clientes a White Martins, líder do mercado de gases industriais e hospitalares, a gigante Pepsico e o frigorífico Avipal.