Agência de fomento paulista desembolsou R$ 1,8 bi em seis anos
Presidente da ABDE e da Desenvolve SP, Milton Luiz de Melo Santos, fala sobre a importância do financiamento de longo prazo para o desenvolvimento sustentável
AméricaEconomiaO presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e da Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP), Milton Luiz de Melo Santos, falou sobre a importância do financiamento de longo prazo para o desenvolvimento sustentável durante o evento “Conversando com quem faz a diferença”, promovido em maio pelo Global Council of Sales Marketing (GCSM), na capital paulista. Milton preside desde 2009 a Desenvolve SP, instituição financeira do Estado de São Paulo que promove o desenvolvimento da economia por meio de opções de créditos sustentáveis com oferta de crédito de prazos longos e taxas de juros mais baixas. De acordo com o economista, elas podem ser zero alguns casos. “É um incentivo que damos a determinados setores ou regiões que o estado quer estimular. O governo aloca recursos no orçamento para pagar à Desenvolve SP ou juros que seriam pagos pelo cliente. Qual é a condição? Ele assina um contrato em que se compromete a pagar em dia as prestações, senão tem que pagar os juros”, explica Milton para a AméricaEconomia.
Nos últimos seis anos, a agência desembolsou R$ 1,8 bilhão para mais de 1.300 empresas em 240 municípios paulistas. Os prazos podem chegar 120 meses. A maioria dos beneficiados (77%) são pequenas e medias empresas. De acordo com Milton, as empresas têm, em média, R$ 25 milhões de faturamento, entre 10 e 15 funcionários e são na sua maioria familiares. “Essas empresas têm impacto forte na região onde estão localizados: geram empregos e movimentam a roda da economia”.
O setor industrial foi o que mais buscou fonte de financiamento, mas, de acordo com Milton, tem aumentado muito a participação de empresas prestadoras de serviços. Para ele, é sempre um desafio a gestão desses financiamentos pelos tomadores. “Às vezes, o empresário pode achar que, como estamos usando recursos públicos, podemos dar o dinheiro e depois, se quiser, ele vai pagar. Não é assim. Tem que pagar porque tenho que reemprestar esse valor e prestar contas”, observa.
Outro importante desafio é aumentar a oferta de crédito. “Temos um capital que foi integralizado pelo governo do estado. O que precisamos agora é ter mais aporte de capital do Tesouro, o que pode ser difícil dadas as condições orçamentárias, ou então buscar financiamento de outras instituições para que possamos continuar operando com recursos de terceiros”, analisa. Um objetivo importante é que pequenos e médios empresários conheçam cada vez a Desenvolve SP, que conta com apenas uma agência na capital paulista. Por isso, são promovidos encontros, palestras e seminários.
Na apresentação, o presidente da instituição abordou ainda os aspectos estruturais que dificultam os financiamentos de longo prazo. Segundo ele, o Brasil tem uma das menores relações poupança interna bruta/PIB do mundo, de 15,4%, e não apresenta instrumentos para estimular que os agentes econômicos poupem. “Aliado a esse fator, temos uma das taxas de juros mais altas”, explica. Além disso, o risco elevado dos projetos de investimento de longo prazo afasta os investidores e bancos privados, que encontram melhor opção em outras transações. Segundo o presidente da Desenvolve SP, a participação do crédito em relação ao PIB, que saltou de 23% em 2004 para 58% em 2015, de fato é um crescimento extraordinário, mas não é boa qualidade porque é para consumo e não para investimento.
Compuseram a mesa o colunista da AméricaEconomia, Elmano Nigri, a deputada estadual Célia Leão (PSDB-SP) e o presidente da Editora Spring, José Roberto Maluf. O presidente do GCSM, Agostinho Turbian, e o presidente do conselho curador do GCSM, José De Podestá, abriram o evento.