Aeria traz seus jogos para o Brasil
Valor Econômico 24/08/10
Fingir ser outra pessoa pode ser um risco na internet, principalmente nas redes de relacionamento social, mas quando o assunto são os jogos on-line, adotar outra personalidade pode não apenas ser uma fonte de diversão, como um negócio lucrativo. A Aeria Games, que cria jogos eletrônicos on-line, planeja investir US$ 15 milhões para iniciar suas atividades na América Latina. A especialidade da companhia são exatamente os games nos quais as pessoas assumem nomes e características de personagens fictícios ou "role playing games" (RPG). O game mais conhecido do estilo no Brasil é o Ragnarok, da Level Up.Com quatro anos de existência e praticamente sem nenhum esforço de divulgação de seus 20 títulos na região, a empresa conquistou 2,2 milhões de jogadores na América Latina, sendo metade disso no Brasil, afirma Paulo Fernandes, responsável pelo escritório da Aeria em São Paulo. Segundo o executivo, a filial será responsável pelas operações em toda a América Latina, além de Espanha e Portugal. A Aeria Games tem sede nos Estados Unidos, mas está ligada à Aeria Inc., companhia japonesa com atividades nas áreas de serviços na internet e tecnologia da informação (TI). Recentemente, a empresa abriu um escritório na Europa.
Segundo Fernandes, são 15 milhões de jogadores cadastrados e cerca de 12 milhões de pessoas que disputam regularmente os games da empresa no mundo. Os jogos da Aeria não precisam ser comprados: é só baixar um aplicativo gratuito disponível na internet. De onde vem o dinheiro? Dos gastos dos usuários para adquirir itens virtuais, como acessórios, armas ou poderes especiais para seus personagens. Nos Estados Unidos, Fernandes diz que a receita média por usuário é de US$ 90. Na América Latina o valor é de US$ 45. Com a presença local, a ideia é elevar a quantia para US$ 70.
Dois jogos já foram adaptados para o português e o espanhol. Até o fim do ano, serão pelo menos mais três. Por conta disso, o escritório, que hoje tem 10 funcionários, pode fechar 2010 com 60 pessoas. Fernandes diz acreditar que o Brasil responderá por metade do faturamento da Aeria Games na região. "O mercado é pouco explorado; temos muito espaço para crescer", afirma. O Brasil tem um potencial de 30 milhões de jogadores de RPG, estima o executivo. A maior parte deles (27 milhões) é classificada como casual, ou seja, dedica cerca de uma hora por dia a jogos pela internet.
Segundo pesquisa da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), o mercado de jogos on-line teve faturamento de US$ 61 milhões na América Latina no ano passado. O Brasil foi responsável por um terço desse total. Até 2014, a consultoria estima um crescimento composto anual de 19% para o setor (tanto no Brasil quanto na América Latina).