13/04/10 10h12

Acordo militar pode ajudar Embraer a vencer disputa na Força Aérea americana

Valor Econômico

O acordo militar assinado ontem entre o Brasil e os Estados Unidos ajuda a Embraer na disputa para a venda de até 200 aviões Super Tucano para a Força Aérea americana, informou ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Esse é o primeiro acordo militar entre os dois países desde 1977, quando o entendimento anterior, assinado ainda na Guerra Fria, foi rompido pelo então presidente Ernesto Geisel. Sua existência permite que a empresa brasileira participe com alguns privilégios na seleção feita pelo governo americano. "Existe a possibilidade de os Estados Unidos dispensarem a licitação para a compra de aviões se o país tiver um acordo militar", disse ontem Jobim, que participou da cerimônia de assinatura do acordo militar com o seu colega americano, Robert Gates.

A Força Aérea americana abriu um processo de escolha para a compra de cem aviões turboélice de ataque, que pode ser estendida para outras cem unidades. A Embraer já apresentou uma proposta que, se aprovada, representará a maior venda de Super Tucanos já feita pela companhia. Uma versão básica deste avião custa entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões, o que significa que o valor do contrato chega a casa dos bilhões. Os americanos querem aviões que possam atuar em operações antiguerrilha na Colômbia. Se a empresa brasileira vencer a disputa, terá que abrir uma fábrica nos Estados Unidos.

Jobim disse que essa disputa não tem nada a ver com o processo de escolha, pelo Brasil, dos caças que vão equipar a Força Aérea Brasileira (FAB). A americana Boeing se candidatou a fornecer os jatos num projeto de modernização da FAB, cuja primeira fase, composta de um lote de 36 unidades, tem um valor estimado em US$ 2 bilhões. O governo americano tem feito lobby aberto em favor da Boeing. "Não queremos vincular uma coisa a outra", disse Jobim.

Ontem, foi assinado o que se chama de acordo-quadro entre Brasil e Estados Unidos. Sob ele, serão abrigados outros acordos entre os dois países, alguns já em vigor, como a cooperação tecnológica e o treinamento de militares. Não há nenhuma previsão, disse, de instalação de base americana no Brasil. Segundo o ministério, o Brasil tem acordos semelhantes com quase três dezenas de países, incluindo a Rússia.