Aceleradoras já investiram mais de R$ 50 milhões em startups no Brasil
Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas divulgada nesta quinta-feira, 28, mostra que País tem 41 aceleradoras que já aceleraram mais de 865 startups
O Estado de S.PauloOs investimentos das aceleradoras – responsáveis por ajudar empresas em estágio inicial a definir seus primeiros produtos e a obter capital e contratar funcionários – em startups brasileiras já chegou a marca de R$ 51 milhões. É o que diz um estudo publicado pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP) ontem. Realizada pela primeira vez em 2016, a pesquisa mostra um panorama das aceleradoras no País. No total, pelo menos 865 startups já passaram por um programa de aceleração em todo o País.
O estudo foi realizado de outubro de 2015 a janeiro deste ano, pelos pesquisadores Newton Campos e Paulo Abreu, ambos da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP, por meio de questionários respondidos por 31 aceleradoras – ao todo, o País tem 41 organizações desse tipo, mas dez não participaram do levantamento. Segundo dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), existem quase 4,2 mil empresas nascentes no País.
A pesquisa revela que, nos últimos cinco anos, surgiram, em média, cinco novas aceleradoras por ano no País. Para Abreu, da FGV-SP, as aceleradoras desempenham papel fundamental na cadeia de inovação, composta por outros membros, como incubadoras e investidores- anjo. “Embora outros agentes também ofereçam capacitação e assessoria jurídica, o processo mais curto das aceleradoras faz com que a roda deste ecossistema continue girando”, diz.
Segundo o estudo, o período médio de aceleração no Brasil é de 29 semanas (cerca de seis meses), mas há casos em que o programa seja tão rápido um mês ou se estenda por dois anos. Durante o período em que fica na aceleradora, as empresas iniciantes recebem pequenos investimentos patrocinados pela aceleradora, além de mentoria, espaço para desenvolver suas ideias, oportunidades de conhecer outros empreendedores e investidores. A maior parte dos aportes varia entre R$ 45 mil e R$ 225 mil.
Embora a pesquisa tenha identificado a presença de aceleradoras em todas as regiões do Brasil, a maior parte delas está na região Sudeste (71%), e pelo menos metade das instituições que responderam à pesquisa estão no Estado de São Paulo. Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul também são Estados de concentração.
De acordo com a pesquisa, a maior parte das aceleradoras brasileiras foi fundada há três anos – a mais antiga delas, a Startup Farm, nasceu em 2011, e é responsável pela aceleração de 220 empresas desde então.
Evolução. Segundo o presidente executivo da Startup Farm, Alan Leite, o valor de R$ 51 milhões ainda é pequeno se comparado com mercados mais maduros. “É um investimento relevante porque nosso mercado está evoluindo”, diz Leite. “Não achava que o valor fosse tão alto, o que é positivo.”
O número de startups que já passou por aceleração é pequeno em relação ao total, mas isso não é importante, na opinião do cofundador da Ace, Pedro Waengertner. Para ele, o principal seria olhar para os resultados que as empresas que passaram depois de passar pela aceleração. “Muitas vezes uma ou duas startups crescem a ponto de gerar resultado equivalente os portfólio inteiro de investimento”, diz. Há quatro anos no mercado, a Ace afirma já ter investido mais de R$ 3 milhões em 74 empresas.
O dinheiro que as aceleradoras investem nas startups vem de parcerias com fundos de investimento e investidores anjo. Ao aportar uma quantia na empresa, a aceleradora fica com uma participação acionária – que, de acordo com o estudo da FGV, é de, em média, 8%.
A Startup Farm, por exemplo, só começou a investir em startups neste ano. Até agora, a companhia já investiu R$ 550 mil em seis projetos e pretende fazer aportes em outras 12 empresas em 2016. “No Brasil, todas as aceleradoras estão em uma fase de encontrar o modelo de negócios ideal”, diz Leite.
Seleção. O estudo mostra ainda as principais razões para aceleradoras decidirem por não apostar em certas startups: equipe inadequada (93,5%), falta de demanda para o projeto e dificuldades em fazer o projeto ganhar escala rapidamente (ambos com 51,6%) são os principais. Para Waengertner, a equipe é o principal critério. “A única coisa que reduz o risco de falha é ter um bom time. Um time de primeira linha consegue resolver os problemas.”