01/07/24 15h00

Abertura da FAPESP Week China reúne lideranças acadêmicas, políticas e diplomáticas em Dongguan

Participantes ressaltaram o desejo de fortalecer a cooperação científica e tecnológica entre Brasil e China e celebraram a relação de amizade entre os países

FAPESP

A cerimônia oficial de abertura da FAPESP Week China foi realizada na sexta-feira (28/06), na cidade de Dongguan, província de Cantão (Guangdong). Organizado em parceria com o China-Lac Technology Transfer Center (CLTTC), o evento reuniu lideranças políticas, diplomáticas e acadêmicas de ambos os países e marcou também o início da Conferência sobre Intercâmbio de Tecnologia e Desenvolvimento de Cooperação China-América Latina.

“Em nome do Departamento de Cooperação Internacional do Ministério de Ciência e Tecnologia da República Popular da China, dou as boas-vindas aos convidados e felicito os organizadores. Todos os amigos que compartilham a mesma missão não se afastam por distância geográfica. China e Brasil são parceiros estratégicos. E a China vê o Brasil como um parceiro estratégico também na ciência. Mantemos cooperações pragmáticas em áreas como aeronáutica, medicina, saúde e outras”, afirmou Zhuang Jia, vice-diretora do Departamento de Cooperação Internacional do Ministério de Ciência e Tecnologia da China.

Jia ressaltou que a era atual enfrenta um desafio enorme e que a China se volta para a cooperação profunda em ciência e tecnologia, buscando desenvolver ambientes abertos para cooperação com países da América Latina. “O Ministério de Ciência e Tecnologia da China fará um esforço para impulsionar uma plataforma de cooperação, a criação de uma rede e cooperação tecnológica do tipo win-win [em que todos saem vencendo]. Temos aqui convidados importantes. Com o apoio dos senhores, faremos uma contribuição para um futuro mais brilhante”, acrescentou.

Em seguida, Fu Gui, conselheiro do Centro de Intercâmbio em Ciência e Tecnologia da China, destacou que, apesar da distância geográfica, China e Brasil mantêm uma relação baseada em igualdade e respeito mútuo. “São bons amigos com interesses comuns e a cooperação científica e tecnológica é parte crucial dessa relação. A realização deste grande evento mostra nossa boa vontade de promover relações bilaterais”, disse.

Ainda segundo Gui, China e Brasil são grandes países em desenvolvimento que compartilham muitas características, recursos abundantes e vastas oportunidades de mercado. “Há complementaridade. Esperamos colaborar em mais setores, como mudança climática, segurança alimentar e governança global de tecnologia, de modo a criar um ambiente mais justo e seguro.”

O inspetor do Departamento de Ciência e Tecnologia da Província de Cantão, Gong Jianwen, informou que, com 127 milhões de habitantes e Produto Interno Bruto (PIB) superior a 13 trilhões de Yuans (quase R$ 10 trilhões), Cantão é uma região estratégica, pois possui forte capacidade de inovação, um ambiente empresarial favorável, importante papel na indústria e, assim como São Paulo, representa o motor do desenvolvimento econômico nacional.

“Dongguan possui um clima semelhante ao da América Latina, que é um parceiro comercial importante e destino significativo de investimento do Cantão. Há um vasto potencial de cooperação científica em áreas como energia de biomassa, veículos elétricos, mudanças climáticas, energia limpa, agricultura, saúde, farmacêutica e aeronáutica”, avaliou. “Paz e desenvolvimento são uma temática comum a todo o mundo. Olhando para o futuro, esperamos colaborar com a América Latina com uma postura ainda mais aberta, promover a cooperação inovadora em benefício mútuo. Contribuir com sabedoria para a prosperidade comum.”

Na sequência, o cônsul-geral do Brasil em Cantão, Alan Coelho de Sellos, ressaltou que o Estado de São Paulo sempre despontou como polo de liderança em todos os momentos significativos da história do Brasil, desde a Independência. “E oferece, também no campo da cooperação internacional e científica, mais um exemplo às demais unidades da federação brasileira ao enviar esta prestigiosa missão da Fundação de Amparo à Pesquisa. Ao escolherem a importantíssima província de Cantão como destino, abrem perspectivas de maior conhecimento recíproco entre o principal Estado brasileiro e a mais rica província da China. Berço e ponto de origem da rota da seda, primeiro e mais cosmopolita entre os portos chineses, Cantão tornou-se a fábrica do mundo, centro do desenvolvimento de alta tecnologia em áreas inovadoras das novas energias e dos carros elétricos”, afirmou.

Na avaliação de Sellos, o Brasil tem muito a ganhar com uma parceria com a China. “Desde 2015 Brasil e China têm cooperado em áreas como biotecnologia, nanotecnologia e energia renovável. O futuro promissor dessa parceria depende de esforços contínuos e colaborativos. A missão da FAPESP, presente hoje aqui, é um excelente exemplo para todas as unidades da federação brasileira”, acrescentou.

Em sua fala, Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, afirmou que a China é hoje reconhecidamente uma superpotência na área de ciência e tecnologia e que desempenha papel extraordinário no mundo, em inúmeras áreas do conhecimento e da tecnologia. Por outro lado, destacou, São Paulo é um Estado da federação brasileira que responde por um terço do PIB e por 40% da produção científica do país. “É um lugar especial do Brasil, que tem relações com todas as outras regiões do país. Tem instituições de alta qualidade, pesquisadores renomados e empresas inovadoras em número significativo”, destacou.

“Com certeza, nos próximos meses, vamos detalhar iniciativas e chamadas conjuntas em vários temas de ciência, tecnologia e inovação. A cooperação entre Brasil e China pode responder a desafios estratégicos de ambos os países. China tem potencial científico e tecnológico extraordinário. E há muitas complementaridades com o que a gente faz no Brasil e podemos fazer conjuntamente”, sublinhou. “O mundo nos próximos anos será movido inexoravelmente pelo desafio do avanço tecnológico em inúmeros temas, seja em inteligência artificial, seja em tecnologias quânticas, em materiais, na adaptação à mudança climática ou genômica. E há muita possibilidade de cooperação entre Brasil e China, muita sinergia. A distância entre os países é grande, a língua é outro obstáculo. Mas se a gente olhar para trás e ver o que foi construído na área espacial, de satélites, vemos que é perfeitamente possível se houver confiança mútua e certeza de que essa cooperação será construtiva para ambos os países”, disse Pacheco.

O diretor-geral do Escritório de Cooperação Internacional, Zhang Yongtao, lembrou que a entidade que representa já mantém acordos com as principais agências de fomento brasileiras, entre elas a FAPESP, e apontou a área de agricultura como o próximo “setor crucial” da colaboração com os parceiros brasileiros.

O anfitrião do evento foi o vice-presidente da Universidade de Tecnologia de Dongguan, Xu Yongjun. Também esteve presente o diretor científico da FAPESP, Marcio de Castro Silva Filho e a vice-prefeita de Dongguan, Li Jun. 

A FAPESP Week China foi organizada em parceria com o CLTTC, um centro de transferência tecnológica voltado para países da América Latina e do Caribe inaugurado em junho de 2023 em Dongguan. Um dos objetivos do centro é auxiliar na construção de uma plataforma que sirva, ao mesmo tempo, ao trabalho diplomático do país e à promoção do desenvolvimento econômico, do intercâmbio, da cooperação em ciência e tecnologia e em inovação tecnológica e da transferência de tecnologia entre a China e os países latino-americanos e caribenhos.

Em dezembro de 2023, FAPESP e CLTCC assinaram um acordo com o objetivo de fomentar a colaboração científica e tecnológica entre pesquisadores vinculados à entidade chinesa e a universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo por meio do financiamento conjunto de projetos.

Mais informações da FAPESP Week China em: fapesp.br/week/2024/china.

 

Fonte: https://agencia.fapesp.br/abertura-da-fapesp-week-china-reune-liderancas-academicas-politicas-e-diplomaticas-em-dongguan/52085