03/05/10 11h04

A vez dos carros chineses no Brasil

O Estado de S. Paulo

Entre as marcas chinesas, a estatal Chery é a que tem planos mais ambiciosos para o Brasil. Em 2013, ela pretende inaugurar uma fábrica com investimentos de US$ 700 milhões. Será a primeira a colocar os dois pés no mercado local. O investimento será bancado pela matriz chinesa, segundo Luis Curi, presidente da Chery do Brasil. Se tudo der certo, será sua 12ª unidade no mundo. Hoje, a empresa brasileira responsável pelas importações é a JLJ, controladora da Nutriplus, de Salto (SP). Segundo fontes do mercado, a Chery estaria buscando outro parceiro local.

A capacidade inicial da fábrica será de 150 mil a 170 mil unidades ao ano e o primeiro produto será um carro pequeno, identificado como Projeto S18, na faixa do Gol e do Palio. A operação começa com a importação de kits (CKDs), que serão montados localmente. A nacionalização será gradativa. A partir de maio, a marca vai trazer da China três novos modelos: o Face, o Cielo e o subcompacto QQ, prometido por R$ 20 mil (US$ 11,1 mil). Com esses produtos, espera vender 10 mil unidades neste ano e 20 mil em 2011.

O ex-presidente da Citroën, Sérgio Habib, hoje dono da empresa SHC, que também vai importar modelos chineses, acredita que, com produção local, o carro chinês "perde a vantagem do custo-China" e terá preços similares aos dos veículos fabricados pelas marcas tradicionais. Por isso, aposta na importação. Em 2011, ele vai começar a trazer quatro modelos da montadora JAC, com preços acima de R$ 35 mil (US$ 19,4 mil). A JAC não tem intenção de montar automóveis no Brasil, mas estuda uma fábrica de caminhões pesados. O grupo Effa, importador das marcas Hafei e Lifan, fez uma aposta intermediária. Abriu uma linha de montagem no Uruguai, país natal do dono da empresa, Eduardo Effa. Há planos também para uma linha no Brasil, de produção de utilitários em Manaus.

Até agora responsável pela importação dos veículos Towner e Topic das marcas Hafei e Jinbei, a brasileira CN Auto decidiu ampliar o leque de produtos. Vai trazer ainda neste ano modelos da marca Great Wall - inicialmente o utilitário Hover, a picape média Wingle e o CoolBear. "Estamos em processo de homologação dos veículos e os preços ainda não estão definidos, mas vão se posicionar abaixo dos concorrentes", avisa o diretor comercial Humberto Gandolpho.

Outra marca que até agora atuava no segmento de comerciais leves com picapes e vans e vai entrar no segmento de automóveis é a Chana. Na semana passada, enquanto visitava o Salão do Automóvel de Pequim, o diretor da Districar, Moshin Ibraimo, fechou acordo para trazer ao País os compactos Mini Benni e Benni 1.0 e o hatch Alsvin 1.5. Ibraimo afirma que o grupo ChangAn estuda instalar uma unidade na América Latina, e o país mais cotado para receber uma linha de montagem de CKDs é o Brasil. "A ideia é usar o Brasil como base para exportar para outros países da região, como Chile e Colômbia", diz. Segundo ele, um volume anual de 4 a 5 mil veículos "já justifica uma fábrica local".