10/08/11 13h59

A indústria espera queda dos juros para crescer

O Estado de S.Paulo

Os dados da produção industrial de junho, do IBGE e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), se completam, com uma certa correlação entre a produção física do IBGE e o faturamento real da CNI. Houve, no mês, uma grande diferença entre os dois levantamentos, levando-se em conta, em ambos, um ajuste sazonal em relação ao mês anterior: o IBGE apresenta redução da produção física de 1,6%, enquanto para a CNI houve um aumento do faturamento real de 0,7%.

A diferença pode ser explicada pelo fato de os dados da CNI não incluírem a produção mineral, que teve crescimento irrelevante em junho. Todavia, outros indicadores fornecidos pela CNI mostram uma queda importante do dinamismo do setor manufatureiro: as horas trabalhadas caíram 0,7%; a massa salarial real, 0,9%; enquanto o nível de emprego ficou estável.

Como o faturamento real aumentou, a indicação é de que isso se explica pela venda dos estoques. Os dados da CNI não incluem informações sobre a produção do mês por setores, mas apenas as variações em relação ao mesmo mês de 2010 ou do semestre. Pelos dados dessazonalizados, verifica-se que o mês de fevereiro foi o mais alto, seguido de uma queda importante em março, recuperada em abril, com dados quase iguais em maio e junho. No semestre, os equipamentos de transporte (excluídos os veículos automotores) apresentaram o maior crescimento (52,9%); seguidos pelo setor de couros e calçados (24,1%)- o que se explica pela baixa produção do ano anterior; vindo depois o setor de material eletrônico e comunicações (18%), em que o valor adicionado é pequeno, por causa da importação de componentes.

A CNI considera que os seus dados mostram menor dinamismo da indústria. De fato, embora o nível de emprego tenha ficado estável, houve redução das horas trabalhadas, pois o setor industrial reluta em dispensar uma mão de obra que está escasseando. A massa salarial baixou, assim como o rendimento médio real, o que se pode explicar por já ter havido, em maio, um número grande de empresas que reajustaram os salários, que se reduziram em junho em razão da inflação.

É nessa perspectiva de redução de atividade que o setor pleiteia uma nova política industrial, até agora só parcialmente atendida. O setor também olha com interesse a discussão - ainda teórica - de uma redução da taxa de juros, que permitiria, caso se concretize, verificar se o custo do dinheiro foi de fato o que impediu seu maior crescimento.