16/02/11 11h48

À frente da Braskem, Carlos Fadigas quer impor crescimento acelerado

Valor Econômico

O período não poderia ser o mais turbulento. Carlos Fadigas, 41 anos, assumiu em dezembro a presidência da Braskem, maior petroquímica das Américas, cargo antes ocupado por Bernardo Gradin. Sua meta no curto prazo será tocar quatro importantes projetos, três deles com investimentos, os quais somam cerca de R$ 1,35 bilhão (US$ 794,1 milhões) no Brasil. Esse pacote envolve a construção de uma fábrica de PP verde (a partir de fontes renováveis), uma unidade de butadieno (matéria-prima para borracha) e uma fábrica de PVC. O outro no México, batizado de Etileno 21, já foi divulgado pela empresa, com aportes de US$ 2,5 bilhões.

A fábrica de PP verde receberá aporte de R$ 100 milhões (US$ 58,8 milhões) e terá capacidade para produzir 30 mil toneladas por ano. O local do investimento ainda não foi definido, mas a unidade deverá entrar em operação em 2013. A planta de butadieno entra em operação em 2012, embora também não tenha ainda localização definida, e consumirá US$ 150 milhões. Esses dois projetos ainda dependem de aprovação do conselho. Já a unidade de PVC da Braskem, em andamento em Alagoas, entra em operação em 2012, com aportes de R$ 1 bilhão (US$ 588,2 milhões).

No longo prazo, Fadigas deverá seguir a filosofia de seus antecessores: tornar a Braskem uma das maiores petroquímicas do mundo até 2020. A "pegada" atual será promover esse crescimento aliando à biomassa como um fator preponderante para a expansão. "A Braskem foi convidada para participar de investimentos em fábricas de resinas verdes em quatro países, entre Ásia, Europa e América do Norte. Somos líderes globais em biopolímeros. Essa é uma fronteira que está em ebulição. A Braskem desta década vai explorar todas as oportunidades nessa área."

O grupo não descarta a construção de novos complexos industriais no Brasil. "Temos espaço para novas fábricas e estamos sempre atentos a novas oportunidades. Temos como prioridade o desgargalamento das unidades atuais, que são sempre mais interessantes, mas há alternativas como desativar uma fábrica já obsoleta ou investir em um novo complexo integrado, com craker novo. Estamos mapeando todas as possibilidades e os investimentos vão acontecer no melhor cenário econômico."

Sob sua gestão, Fadigas diz que está preparado para fazer a petroquímica crescer dentro e fora do Brasil. Nos EUA, o faturamento histórico das três fábricas da Braskem gira em torno de US$ 1 bilhão. Com a crise global iniciada em 2008, as petroquímicas americanas sentiram mais que o Brasil. Nos primeiros nove meses de 2009, os ativos da Sunoco registraram vendas líquidas de R$ 1,252 bilhão (US$ 736,5 milhões), com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 112 milhões (US$ 65,9 milhões). Em 2010, até setembro, sob nova gestão, a receita subiu para R$ 1,737 bilhão (US$ 1,02 bilhão), com Ebtida de R$ 162 milhões (US$ 95,3 milhões). O cenário para 2011 não poderia ser dos melhores, diz. "Voltar para o Brasil neste momento foi fabuloso, considerando uma economia que vai crescer 4,5% e um mercado de resina que deve expandir 10%, ante a média global entre 5% e 6%." Fadigas acredita na retomada do ciclo de alta do setor, com melhores margens.