07/12/06 16h12

A fórmula polêmica do maior laboratório de genéricos do País

O Estado de S. Paulo - 07/12/2006

Quem visita a sede do laboratório Medley, em Campinas, vê sinais evidentes de prosperidade. A fábrica, de última geração, opera 24 horas por dia. No terreno ao lado, operários constroem em ritmo frenético um novo prédio para duplicar a produção da companhia. A Medley tem pressa de crescer. Em menos de seis anos, a empresa saiu da 28ª para a 4ª posição no ranking da indústria farmacêutica. Hoje, é líder na venda de medicamentos genéricos e prevê encerrar o ano com faturamento de US$ 277,4 milhões. Mais: desde o ano passado, a companhia prepara a venda de suas ações na Bolsa de Valores. Estima-se que o laboratório tenha um valor de mercado de US$ 324 milhões. A Medley, criada (com esse nome) há dez anos pela família Negrão, vive um momento interessante. Desde o ano passado, quando a concorrente Biosintética foi vendida à Aché, ela passou a ser cobiçada pela indústria de genéricos, principalmente por multinacionais. Neste ano, a Medley deve atingir o melhor resultado da sua história: um lucro de US$ 14 milhões, de acordo com Jairo Yamamoto, presidente da companhia. É uma cifra três vezes maior que a do ano anterior e trinta vezes maior que a de dois anos antes, segundo o executivo. 'Nossos custos baixaram à medida que nossa escala aumentou', diz Yamamoto, homem de confiança da família Negrão - está à frente de negócios do clã desde antes da criação da Medley. Na indústria farmacêutica, Yamamoto é sempre elogiado pela sua capacidade administrativa. 'Ele é um equilibrador de pratos. A Medley tem problemas com capital de giro', diz um empresário do setor. 'Ela dá descontos agressivos e pega dinheiro com bancos pequenos que cobram juros altos.Yamamoto não nega e diz que essa foi uma opção da empresa. 'Esse é o preço para crescer rápido. O mercado é para poucos e grandes', afirma Yamamoto. 'Até o ano passado, a gente trabalhava com bancos pequenos. Hoje, os bancos grandes, até por conta do projeto de abertura de capital, viraram nossos parceiros. Segundo o executivo, a Medley tem um endividamento de US$ 83,2 milhões. A maior parte da dívida é de curto prazo, para financiar o capital de giro. 'A gente se endivida para suportar essa dinâmica, que é comum no setor. A Medley dá prazo de pagamento de 100 dias', diz Yamamoto. Um executivo de uma multinacional do setor considera esse prazo muito longo. Segundo ele, a média é de 60 dias.