A energia vinda diretamente do interior
Projeto busca garantir geração de energia nuclear em Iperó, região de Sorocaba, em até cinco anos
Agência Bom Dia SorocabaA geração de energia nuclear no interior do Estado de São Paulo pode ser suficiente para substituir o total de importação de materiais radioativos feita em todo o país. O projeto de um reator na região de Sorocaba está sendo discutido na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e a previsão é de que em até cinco anos esteja em atividade.
O coordenador técnico do projeto, chamado de RMB (Reator Multipropósito Brasileiro), José Augusto Perrotta, afirma que a usina será usada por diversos centros de pesquisa e vai gerar materiais para hospitais de todo o país realizarem mais exames que necessitam de radiação, como na detecção de câncer.
De acordo com ele, o reator na cidade de Iperó vai utilizar as células de elementos químicos para produzir reações e gerar radiação.
“Atualmente, o país importa esse material do Canadá, Argentina e África do Sul, mas quando eles têm dificuldade para envio, nós no Brasil temos de reduzir os exames de saúde”, explica. Segundo o pesquisador, no início de dezembro houve falta do material vindo do Canadá e em 2009 chegou a haver crise no setor. “Daí a importância de o país se tornar autossuficiente no setor”, afirma Perrotta.
As licenças prévias para o reator podem ficar prontas no próximo ano, mas estudos serão feitos antes da construção.
Críticas/ O projeto, no entanto, também é alvo de críticas de ambientalistas e instituições que são contrárias aos riscos ambientais envolvidos na geração de energia nuclear.
Segundo Perrotta, que também é assessor da Comissão Nacional de Energia Nuclear, o modelo proposto segue todas as exigências de segurança internacionais e a sociedade pode buscar esclarecimentos em audiências públicas que são feitas sobre o tema por exigência do Ibama.
MAIS
Orçamento nacional já prevê R$ 400 milhões
O Plano Plurianual de 2012-2015 do governo federal incluiu uma previsão de R$ 400 milhões para o projeto do RMB no período. O custo total previsto pelas empresas é de US$ 500 milhões.A Argentina vai participar da gestão do reator, mas em menor escala, garantindo 70% de conteúdo nacional.
2,5 vezes maior: produção vai superar importação
Polo de tecnologia nuclear e pesquisas
Área em Iperó poderá ser usada pela comunidade científica brasileira e para parcerias com o Laboratório Nacional de Luz Síncroton, que está sendo construído em Campinas (SP). A intenção será integrar as pesquisas desenvolvidas no país e gerar um polo de tecnologia nuclear, com aplicações na saúde, agricultura e indústria
Licenciamento
O relatório para licenciamento nuclear e o EIA/RIMA já foram iniciados e devem ser entregues em 2014.