18/12/13 12h08

A energia vinda diretamente do interior

Projeto busca garantir geração de energia nuclear em Iperó, região de Sorocaba, em até cinco anos

Agência Bom Dia Sorocaba

A geração de energia nuclear no interior do Estado de São Paulo pode ser suficiente para substituir o total de importação de materiais radioativos feita em todo o país. O projeto de um reator na região de Sorocaba está sendo discutido na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)  e a previsão é de que em até cinco anos esteja em atividade.

O coordenador técnico do projeto, chamado de RMB (Reator Multipropósito Brasileiro), José Augusto Perrotta, afirma que a usina será usada por diversos centros de pesquisa e vai gerar materiais para hospitais de todo o país realizarem mais exames que necessitam de radiação, como na detecção de câncer.

De acordo com ele, o reator na cidade de Iperó vai utilizar as células de elementos químicos para produzir reações e gerar radiação.

“Atualmente, o país importa esse material do Canadá, Argentina e África do Sul, mas quando eles têm dificuldade para envio, nós no Brasil temos de reduzir os exames de saúde”, explica. Segundo o pesquisador, no início de dezembro houve falta do material vindo do Canadá e em 2009 chegou a haver crise no setor. “Daí a importância de o país se tornar autossuficiente no setor”, afirma Perrotta.

As licenças prévias para o reator podem ficar prontas no próximo ano, mas estudos serão feitos antes da construção.

Críticas/ O projeto, no entanto, também é alvo de críticas de ambientalistas e instituições que são contrárias aos riscos ambientais envolvidos na geração de energia nuclear.

Segundo Perrotta, que também é assessor da Comissão Nacional de Energia Nuclear, o modelo proposto segue todas as exigências de segurança internacionais e a sociedade pode buscar esclarecimentos em audiências públicas que são feitas sobre o tema por exigência do Ibama.

MAIS
Orçamento nacional já prevê R$ 400 milhões
O Plano Plurianual de 2012-2015 do governo federal incluiu uma previsão de R$ 400 milhões para o projeto do RMB no período. O custo total previsto pelas empresas é de US$ 500 milhões.A Argentina vai participar da gestão do reator, mas em menor escala, garantindo 70% de conteúdo nacional.

2,5 vezes maior: produção vai superar importação

Polo de tecnologia nuclear e pesquisas
Área em Iperó poderá ser usada pela comunidade científica brasileira e para parcerias com o Laboratório Nacional de Luz Síncroton, que está sendo construído em Campinas (SP). A intenção será integrar as pesquisas desenvolvidas no país e gerar um polo de tecnologia nuclear, com aplicações na saúde, agricultura e indústria

Licenciamento
O relatório para licenciamento nuclear e o EIA/RIMA já foram iniciados e devem ser entregues em 2014.