17/05/13 14h13

A economia gerada pelo lixo

Brasil Econômico

Reciclagem no Brasil movimenta R$ 12 bilhões ao ano e estreita parcerias entre empresas e cooperativas


Na data em que o planeta elegeu como o Dia Internacional da Reciclagem, o Brasil ganha seu papel de destaque na iniciativa de transformar o que seria apenas lixo em um negócio importante na redução de custos das empresas e gerador de empregos. Um mercado que movimenta R$ 12 bilhões ao ano. São 800 mil catadores no país, ainda que nem todos sejam são organizados. Deste total, 60 mil estão integrados em associações e cooperativas, segundo dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre). Embora pareça um número baixo, há uma evolução, diz André Vilhena, diretor-executivo da associação sem fins lucrativos dedicada à promoção da Reciclagem.


“Somos um país comum a Política Nacional de Resíduos Sólidos e isso, por si só, já é um grande avanço”, afirma Vilhena.


Algumas empresas já fazem há alguns anos o seu dever de casa e descobriram na Reciclagem um caminho para melhorar processos. É o caso da Novelis do Brasil


“Há 25 anos decidimos adotar a Reciclagem como estratégia e hoje 50% da produção nacional é reaproveitada”, conta Carlos Morais, diretor de Negócios de Reciclagem da Novelis para América do Sul. “A meta é alcançar 80% até 2020”, diz.


Para isso, a companhia investiu US$ 32 milhões numa segunda linha de Reciclagem na planta de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, de um total de US$ 300 milhões aplicados no país para ampliar a capacidade produtiva de 400 mil toneladas por ano de alumínio para 620 mil toneladas anuais.


“Atualmente, 75% do que sai como latinha vazia volta para a Novelis, o que representa em economia de energia 6% de tudo que é gerado por uma Itaipu”, compara Moralis. “Nesse processo, a coleta é fundamental e o catador é figura central nos resultados obtidos”.


Ele destaca, porém, que nas comemorações de hoje, é preciso lembrar que além de preço e qualidade atributos como a adoção da logística reversa precisa ser incluída na hora de escolher um bem durável.


“O consumidor precisa criar novos hábitos, principalmente quando compra eletroeletrônico”, alerta o executivo.


Nesse caminho, a Oi se antecipou a Lei Geral de Resíduos Sólidos, que deve entrar em vigor no segundo semestre. A operadora firmou parceria a empresa Descarte Certo, do Grupo Ambipar, para inaugurar seis fábricas de Reciclagem pelo país. Os investimentos são de R$ 16 milhões.


A AmBev é outra empresa que organiza ações voltadas para a Reciclagem. O sistema de Gestão Ambiental criado há 20 anos em todas as suas fábricas gera 99,05% dos subprodutos de seu processo de fabricação.


Nos últimos dez anos, houve reduçãode81% da quantidade de resíduo gerado. A fábrica de vidros, construída em 2008, se tornou uma das grandes recicladoras de cacos. Lá, 75% da matéria prima é formada por cacos de vidro vindos das cooperativas parceiras da cervejaria . A produção gera uma economia de 30% de energia.


Na Pepsico, somente com os displays reciclados, houve economia de 33% comparando com a material prima virgem usado anteriormente.


“Além de utilizar materiais reciclados, a redução de material em nossas embalagens, em cerca de 20% representa uma economia real de custos”, diz a gerente de Sustentabilidade da PepsiCo do Brasil, Claudia Pires.