04/03/16 10h49

A caminho do mar, um doce aroma

Valor Econômico

O aroma de doce de banana, preparado com a fruta in natura, está presente em toda a fábrica instalada ao lado da rodovia Tamoios, que leva ao litoral norte de São Paulo. Fundada pelo então alfaiate Célio Geraldo da Silva há 40 anos, a Bananinha Paraibuna continua sendo administrada por sua família, que neste ano, mesmo com a recessão, vai aumentar em 30% a capacidade de produção.

A demanda já supera as 60 toneladas do doce que saem da fábrica a cada mês. Por isso, a diretora comercial da empresa e filha do fundador, Jane Maria da Silva Ruela, diz que a capacidade de produção precisa crescer.

Há 10 anos a produção mensal era de 35 toneladas mês, mas nos últimos três anos as vendas subiram 80% e no ano passado chegou a 50 toneladas mensais. "Ano passado não foi um dos nossos melhores anos, mas junto com 2013 e 2014 conseguimos 80% de crescimento", disse a diretora de marketing da Bananinha, Letícia Paiola, neta do fundador.

A banana nanica é comprada ainda verde de fornecedores da região do Vale do Ribeira e também do Vale do Paraíba. A cada dia, cinco caminhões descarregam 550 caixas da fruta na fábrica. O processo de amadurecimento da banana, que leva cerca de uma semana, é monitorado por um funcionário designado especialmente para esta função.

Já maduras, as bananas são descascadas manualmente e a fruta é colocada em uma máquina, que elimina todos os resíduos que estiverem no produto para então serem transformadas em polpa. O cozimento da polpa é feito em 10 máquinas. Usar a própria fruta, em vez de comprar a polpa pronta, mantém o sabor da receita original, diz a diretora comercial. "Não usamos polpa de banana, que tem maior concentração de água e uso de conservantes".

Jane, mais quatro irmãos e alguns de seus filhos, administram a empresa, iniciada pelo pai Célio, que preparava os doces no quintal de casa, em Paraibuna.

Nesses 40 anos, a empresa teve a primeira expansão importante há pouco tempo, em 2010. Foi construída a atual linha de produção, com equipamentos mais modernos - a capacidade cresceu 50%. O investimento de R$ 1 milhão contou com uma linha de crédito do Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos).

Em restaurantes e lanchonetes às margens da rodovia dos Tamoios a Bananinha Paraibuna aproximou-se do consumidor paulistano, hoje responsável por 60% das vendas totais. O plano é fortalecer a marca no Sul do país e em alguns Estados do Norte, como Acre e Rondônia. A empresa tem 128 distribuidores, em 16 Estados.

Até 1994, as bananinhas eram vendidas somente em supermercados e lanchonetes, em pacotes de 300 gramas. Um ano depois, o fundador lançou o doce a granel, vendido em displays, método depois seguido pelos outros concorrentes da Bananinha, diz Letícia, a diretora de marketing.

"Cada display contém 20 unidades. Com a nova embalagem, alcançamos o pequeno varejo, que engloba as padarias, minimercados, bancas, lojas de conveniência e farmácias", comentou. O doce é oferecido nas versões tradicional com açúcar, sem adição de açúcar e chocolate.

O processo de produção das bananinhas ganhou, recentemente, o selo BDK, termo usado para os alimentos que estão de acordo com as normas da dieta seguida pela comunidade judaica.

Também faz parte da estratégia da companhia ficar mais perto do mundo esportivo. "Cada barrinha tem, em média, 2,6 bananas, com grande concentração de cálcio e potássio, ideais para serem consumidas pelos atletas", diz a diretora comercial. Nos últimos anos, a empresa tem apoiado alguns atletas, equipes esportivas e uma ONG de Paraibuna, que ensina jiu-jitsu a crianças e adolescentes carentes.

O sistema de vendas virtual de toda a linha de bananinhas, segundo a filha do fundador, também está sendo reestruturado e expandido.

A empresa também planeja exportar, mas o foco agora é o mercado interno.