2023 deve encerrar com aumento de 2,9% nos serviços e 7,4% no turismo
CNCA Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mantém perspectivas otimistas para o faturamento total dos setores de serviços e turismo em 2023. A CNC projeta um avanço de 2,9% no setor de serviços, mas as projeções para 2024 indicam um crescimento mais modesto, de 2,7%. No turismo, a previsão é de avanço de 7,4% neste ano em relação a 2022. Entretanto, para o ano que vem, o desempenho do setor deve crescer apenas 2,1%, considerando a expectativa de um cenário de atividade econômica mais fraca, apesar dos juros e inflação menores.
Em outubro, o volume de receitas do setor de serviços recuou 0,6% em relação ao mês anterior, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada hoje (13/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a terceira retração seguida. Em relação a outubro do ano passado, a queda foi de 0,4%.
O comportamento dos preços relativos, que superam a inflação oficial em quatro dos últimos cinco meses, é um dos fatores que contribuíram para os resultados negativos. No entanto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembra que, apesar das recentes retrações, o setor ainda se mantém 10,2% acima do patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020. “O setor de serviços desempenha um papel crucial no panorama econômico brasileiro desde 2022”, reforça Tadros.
Turismo em franca recuperação
Apesar da queda de 1,1% em outubro apontada pela PMS, as atividades turísticas acumulam aumento de 7,9% em 2023. Nesta alta temporada (novembro de 2023 a fevereiro de 2024), a CNC prevê faturamento superior a R$ 155 bilhões, representando um avanço de 5,6% em relação à alta temporada anterior. Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela análise da pesquisa e pelas projeções para os setores, explica que a alta temporada costuma concentrar até 44% da receita anual, “frequentemente fazendo a diferença entre um ano positivo ou negativo para as empresas do setor, especialmente para os micro e pequenos estabelecimentos”. Mesmo assim, para todo ano que vem, a projeção é de uma expansão de 2,1%.
“Após ser severamente afetado pela crise sanitária em 2020, o setor de turismo demonstra uma importante recuperação”, afirma o economista. No acumulado de 2023 até setembro, o faturamento real do setor está 6,1% acima do nível pré-pandemia, impulsionado, conforme explica o economista, pelo aumento de rendimentos dos trabalhadores, pela queda dos juros ao consumidor e pelo comportamento dos preços.
Turistas brasileiros deixam de viajar para o exterior
O preço das passagens aéreas, que acusava variação média acumulada em 12 meses de 40,5% nesta mesma época no ano passado, agora apresenta aumento de 3,3%, o que favorece o setor. Além disso, a quantidade de passageiros transportados, um dos indicadores chaves do nível de atividade turística, igualou-se ao volume do mesmo trimestre de 2019, mas os voos internacionais ainda se encontram 8,3% abaixo do período de referência. “Isso significa que turistas brasileiros deixaram de viajar para fora do país e preferiram destinos nacionais, o que também é uma das causas do aumento da atividade turística neste ano, mas também que menos estrangeiros estão vindo para o País”, analisa o economista.
Turismo já contrata mais que antes da pandemia
Conforme o economista Fabio Bentes, o atendimento à demanda reprimida após a crise sanitária de covid-19 e a gradativa recuperação das condições de consumo têm reaquecido também o mercado de trabalho nas atividades turísticas. Atualmente, a força de trabalho no turismo brasileiro totaliza 3,39 milhões de trabalhadores formais – contingente 5,5% maior que às vésperas da crise sanitária.
A expectativa de criação de 85.795 postos durante a alta temporada entre novembro de 2023 e fevereiro de 2024 é a mais alta desde 2014. O segmento de alimentação destaca-se nas contratações, respondendo por mais da metade dos postos de trabalho, seguido pelos transportes em geral e pela hospedagem. O salário médio de admissão é projetado em R$ 1.930, refletindo um aumento real de 1,8% em relação ao mesmo período do ano passado.