18/07/22 12h00

Valtra vai ampliar fábrica de Mogi e investir em trator de alta tecnologia

Agfe questiona a formação de pessoal especializado para atender ao novo mercado de trabalho, cobra mais condições de mobilidade na cidade e segurança na rodovia Mogi-Dutra

O Diário de Mogi

A fábrica de tratores da Valtra, em Mogi das Cruzes, deverá ser ampliada para se transformar em uma das unidades mais tecnológicas do grupo em todo o mundo. A promessa foi feita durante esta semana, em Brasília, por diretores da empresa no Brasil e pelo alto comando do grupo Agco, um dos maiores fabricantes e distribuidores de máquinas agrícolas e tecnologia de agricultura de precisão, ao anunciar investimentos de R$ 340 milhões em suas unidades no Brasil, boa parte deles na fábrica localizada no distrito de Braz Cubas, que já iniciou a busca de espaço em locais com melhores condições de mobilidade no município para colocar em prática o ambicioso projeto de ampliar a capacidade de montagem de tratores da linha pesada na unidade de Mogi. 

No plano anunciado pelo gerente geral AGCO e vice-presidente da Massey Ferguson América do Sul, Rodrigo Junqueira, a meta é “transformar a fábrica de Mogi em uma das unidades mais tecnológicas do grupo em todo mundo”, conforme disse ele, devidamente avalizado pelo chairman, presidente e CEO da Agco, Eric Hansotia, que esteve no Brasil especialmente para o anúncio dos investimentos. 

Junqueira foi encarregado de informar aos jornalistas o projeto de ampliação da área da unidade de Mogi dos atuais 42 mil m² para 57 mil m², o que explica a preocupação da empresa em buscar  um terreno fora dos limites já totalmente ocupados da empresa, em Braz Cubas, para receber o futuro centro logístico inteligente para armazenamento de peças dotado de veículos guiados automaticamente, os conhecidos AVGs, além de robôs colaborativos. 

A esperada descentralização da fábrica poderá ser o passo decisivo para que a Valtra venha a produzir as versões nacionais dos Fendt Vario 900 e MF 8700 S Dyna –VT, tratores modernos e dotados de condições tecnológicas de ponta, destinados a facilitar cada vez mais a vida dos produtores rurais e, mais que isso, garantir segurança, qualidade e velocidade para o agronegócio. 

“Nosso objetivo é transformar a fábrica de Mogi em uma das mais tecnológicas do grupo no mundo”, afiançou Junqueira aos jornalistas, durante a entrevista coletiva para a imprensa especializada. 

“Os agricultores enfrentam hoje uma pressão significativa para produzir mais alimentos usando menos insumos. Estamos comprometidos em fornecer as tecnologias inovadoras de agricultura de precisão que eles precisam para aumentar a renda agrícola, minimizando os insumos e o impacto”, conforme afirmou o presidente Hansotia, da companhia que detém as marcas Fendt, Massey Ferguson, Precision Planting e Valtra. 

O grupo Agco informou ainda investimentos a serem feitos na fábrica de Ibirubá, que também será ampliada para produzir a plantadeira Momentum.

A empresa demonstrou ainda grande preocupação com o meio ambiente ao anunciar que a partir deste ano, suas operações no Brasil utilizarão somente energia de fontes renováveis. Tal medida deverá ser aplicada em nove unidades da empresa no país, entre fábricas, centros de distribuição e escritórios, que consomem 42 mil MWh por ano. 

As alterações deverão contribuir, de maneira positiva, para as metas de redução da intensidade das emissões de gases do efeito estufa em 20%, buscando alcançar 60% de energia renovável nas operações globais. 

Para o diretor executivo da Agência de Fomento Empresarial (Agfe), economista Claudio Costa, a “excelente notícia para a nossa cidade” é algo que Mogi não recebe há 25 anos, desde a instalação da unidade da General Motors, no bairro do Taboão. 

Costa também acredita que este é o momento ideal para uma reflexão mais aprofundada em relação à cidade que está prestes a receber um investimento desse porte. O economista enumera uma série de questões a serem avaliadas por autoridades e pela comunidade em relação ao assunto: 

“A cidade está preparada para esse investimento?”, indaga Costa, que questiona ainda se “nós estamos formando mão de obra para absorver mais de 1.500 empregos que podem ser gerados a partir dos anunciados planos de investimentos da Valtra na cidade?”. 

Ao lembrar que o anúncio da empresa prevê a instalação em solo mogianode um centro tecnológico de desenvolvimento de produtos, à base de engenharia e tecnologia de ponta, Costa questiona o que as universidades estão fazendo para formar mão de obra especializada para trabalhar nestas áreas que exigem pessoal de alto nível. Ele  conta que ainda nesta sexta-feira esteve conversando com um dos dirigentes da UMC, Luis Carlos Tati, buscando incentivar a instituição a vir a público para dizer o que é oferecido para a formação desse pessoal especializado. 

O economista diz que é preciso pensar no impacto que ocorrerá na sociedade. “O jovem que está hoje querendo escolher uma carreira, será que não vale a pena ele fazer um curso de Engenharia Mecânica  e se preparar para essa oportunidade que vai chegar junto com os investimentos da Valtra?” – diz Costa, lembrando ainda que  junto com os novos empreendimentos da fábrica de tratores  chegarão também  os fornecedores que também exigirão mão de obra especializada. 

Para o diretor da Agfe, “o  trator Fendt Vario 900 é o melhor do mundo e possui muita tecnologia em sua estrutura. “Nós estamos preparando mão de obra  para produção com esse tipo de conhecimento?” – volta a questionar. 

Claudio Costa dá um exemplo para justificar suas indagações. Segundo ele, na última grande contratação do grupo Agco na cidade, durante o ano passado, não havia mão de obra disponível na cidade e a empresa foi buscar gente qualificada que estava  trabalhando como motorista de Uber na Capital. 

Depois de propor a mobilização da comunidade em torno de universidades e escolas técnicas, citando nominalmente a Etec Presidente Vargas, e universidades, o diretor da Agfe  volta seu questionamento para o setor público: “Que obras estamos realizando na cidade para melhorar a logística de acesso e tudo mais? Que ambiente acolhedor estamos gerando?”. Ele  lembra que no momento em que se anuncia um investimento como esse, “a Mogi-Dutra virou uma base de assalto  caminhões de carga, uma questão de segurança.” 

E conclui: “Então, nós temos de sentar e tentar entender tudo e buscar resolver todos esses gargalos da cidade. Esta é uma grande oportunidade, a qual precisa ser aproveitada da melhor forma”. 

fonte: https://odiariodemogi.net.br/canais/diarioempresarial/noticias/valtra-vai-ampliar-fabrica-de-mogi-e-investir-em-trator-de-alta-tecnologia-1.52597