22/12/16 14h20

Startup de impacto social presta serviços de reflorestamento

Projetos da Assobio incluem recuperação de ambientes degradados, licenciamento, implantação e manutenção de mata e serviços personalizados

DCI

Com o objetivo de oferecer qualidade técnica para projetos socioambientais, a startup Assobio, criada em 2014 pelas paulistanas Geysa Borini e Marina Andrade, oferece serviços de reflorestamento e planos de ação de inclusão social para empresas que precisam replantar áreas desmatadas ou que simplesmente buscam ajuda para  desenvolver iniciativas que agreguem valor a seu negócio.

A Assobio tem uma equipe de campo própria e, quando necessário, recruta pessoas da região onde desenvolverá um projeto para realizar o serviço. Para aumentar o impacto social do negócio, a empresa envolve escolas em ações de conscientização de crianças e adolescentes, conta a sócia Marina. Neste ano, 340 pessoas foram impactadas.

Os projetos incluem recuperação de ambientes degradados, licenciamento, implantação e manutenção de floresta, além de programas de ação personalizados e uso de drones para a manutenção de áreas de mata. Atualmente a empresa está sediada em Botucatu, interior de São Paulo,

Marina explica que o trabalho principal da Assobio tem sido o reflorestamento. A equipe trabalha com compensação obrigatória - quando o governo exige de determinada empresa o replantio de área que é desmatada para uma obra - e voluntária - quando a empresa cria eventos e projetos ligados ao setor de responsabilidade socioambiental e sustentável da corporação.

"Apesar de a maioria dos projetos focar em reflorestamento, continuamos ofertando os demais serviços para atender o cliente de ponta a ponta, isto é, desde o licenciamento até o monitoramento da região", destaca.

Entre os maiores desafios das empreendedoras estava a resistência de muitas empresas a investir em iniciativas sustentáveis que não fossem obrigatórias. "No começo, queríamos que nosso maior volume de negócios viesse dos projetos voluntários, mas percebemos que muitas empresas não estão efetivamente interessadas em arcar com este custo", diz Marina.

Outro problema era a necessidade de um capital de giro alto por conta dos insumos comprados previamente e do pagamento das pessoas contratadas. Alguns clientes chegavam a pagar o serviço três meses depois de realizado, o que fez com que as empreendedoras recorressem a um investidor para que realizasse aportes financeiros em algumas ocasiões. 

Entre os clientes da Assobio estão nomes como Rodovias Tietê, CCR, Intervias, Danone e prefeitura de Botucatu. A startup encerrou o primeiro ano de operação com faturamento de apenas R$ 5 mil, um contratante e 5 mil mudas plantadas. Neste ano, elevou o faturamento para R$ 1,1 milhão, com 13 contratos e 180 mil mudas plantadas. Para 2017, a expectativa das sócias é alcançar R$ 2,7 milhões, 23 contratos e 360 mil mudas.

Início

Geysa e Marina cursaram a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq, da USP), e trabalharam juntas na empresa júnior da universidade. Depois, atuaram em uma empresa de reflorestamento que investia em iniciativas sociais, mas tinha problemas de administração e logística.

Em 2014, já com a empresa em processo de declínio e com graves problemas financeiros, a dupla foi autorizada a tocar um contrato de prestação de serviço da companhia e assim nasceu a Assobio.

Aprendendo com os erros da empresa anterior, as empreendedoras decidiram planejar tudo, até a ida para Botucatu, para passar por um processo de incubação na Unesp, outra universidade estadual paulista. A localização é estratégica, diz Marina, por estar no centro do estado e por ter uma faculdade relacionada com a área de atuação da empresa, o que facilita a conexão com mão de obra qualificada.

Aceleração

Em 2015, a Assobio foi selecionada para participar do ciclo de aceleração da Yunus Negócios Sociais, braço local da rede mundial criada pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus. Durante o processo, as empreendedoras repensaram o modelo da startup para que se se enquadrasse nos moldes de um negócio social. Ao fim do processo, a startup foi aprovada na avaliação do Fundo Global de Investimentos do Yunus Social Business e recebeu um aporte de R$ 250 mil.

Expansão

Com o aporte da Yunus será construído o Centro de Referência em Florestas Nativas. Recentemente, a Assobio assinou o contrato de permissão do uso da área interna do Parque Tecnológico Botucatu e o local alocará diferentes etapas da cadeia de reflorestamento, como demonstração de sementes, viveiros - desde os de baixo custo ao mais hightec -, floresta plantada e diferentes usos da floresta em pé. O projeto também vai abrigar o programa Florestim, com jovens de baixa renda que serão treinados em cursos de reflorestamento e receberão um auxilio financeiro.

Ainda está nos planos das sócias utilizar o centro de referência para capacitar polos regionais por todo o País, para viabilizar o atendimento aos clientes, transporte das mudas e equipe de plantio.