31/10/16 15h48

Softwares ganham mercado no exterior

Valor Econômico

As vendas das empresas integrantes de projeto de exportação de software e serviços de tecnologia da informação (TI), organizado pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), cresceram 40%, entre 2014 e 2015, atingindo R$ 1,9 bilhão. Cerca de 90% das 145 participantes são pequenos e médios negócios. O valor representa 40% do total exportado pelo setor, no Brasil, em 2015, que foi de R$ 4 bilhões. Cinquenta por cento das entregas seguem para os Estados Unidos.

Em 2016, a expectativa é que o número de companhias que fazem parte da iniciativa suba para 200. "Juntas, deverão ultrapassar os R$ 2 bilhões de exportação, atingindo um share de 50% na pauta exportadora brasileira de software e serviços", diz Diônes Lima, vice-presidente de operações da Softex. Segundo a entidade, a diferença cambial e a crise econômica nacional estimularam os empresários a buscar mais contratos além-fronteiras.

Criado em 2005, o projeto pretende gerar oportunidades de negócios no mercado internacional e a exposição da indústria brasileira. Oferece benefícios como o acesso a informações qualificadas, assessoria comercial, participação em feiras e apoio na obtenção de financiamento. Há, ainda, ajuda para o registro de marcas e na instalação de subsidiárias.

Somente no ano passado, realizou 26 ações de promoção comercial e 526 análises de segmentação de mercado foram feitas, entre 2014 e julho de 2016. Segundo Lima, são investidos, aproximadamente, R$ 10 milhões ao ano, nas iniciativas. Cerca de 70% do montante vêm da Softex e Apex, enquanto o restante sai dos bolsos das empresas.

Entre os nichos de negócios que mais venderam em 2015, Lima destaca os serviços de TI. "Mas, há expansão entre soluções que ajudam na transformação digital das empresas, principalmente no mercado latino-

Nos próximos dois anos, além dos Estados Unidos, que representam 50% dos embarques, países como Colômbia, Chile, Peru, México e Argentina são considerados estratégicos para a engorda dos contratos. "Para exportarem mais, as companhias devem investir na preparação das vendas e no estudo dos mercados", diz Lima. "Precisam saber também como resolver os problemas dos clientes."

A lição é seguida à risca pelo empresário Luis Dosso, diretor de negócios da Dextra, de Campinas (SP). Especializada no desenvolvimento de aplicativos móveis, fechou seu primeiro contrato, com um cliente da Califórnia, logo na primeira feira internacional que participou, em agosto de 2015.

"Sabíamos que o mercado americano estava mais maduro para softwares sob medida e que existia uma demanda não atendida por concorrentes da Índia e do leste europeu", diz Dosso.

A partir de 2015, o câmbio se tornou favorável à exportação, quando o dólar ficou próximo dos R$ 3,50, lembra. "Isso viabilizou a nossa oferta. Antes era impossível competir com os estrangeiros."

Com 130 funcionários, a Dextra fatura R$ 20 milhões ao ano e até 20% das vendas são fechadas no exterior. O empresário afirma que exportar exige investimento financeiro e tempo dos principais executivos da empresa. Dos quatro sócios, dois têm dedicação prioritária para o desenvolvimento do mercado externo. Além disso, é preciso viajar para visitar clientes e fazer pesquisas. "Desde julho de 2015, já fomos 20 vezes aos Estados Unidos."

A empresa também contratou uma consultoria de uma universidade americana para elaborar um plano de negócios e investiu em aulas de inglês para os funcionários. No total, o valor investido já passou de R$ 1 milhão.

A paranaense SnowmanLabs, de soluções para o desenvolvimento de aplicativos, começou a exportar em janeiro e conquistou clientes nos Estados Unidos e Inglaterra. Com um faturamento de R$ 1,5 milhão, 30% do total vêm da exportação. Até agora, aplicou R$ 20 mil em viagens de pesquisa.

"A maior dificuldade para iniciar as exportações era a comunicação. Parte da equipe não estava preparada para conversar em inglês com os clientes", lembra o co-CEO Danilo Brizola que, agora, só contrata funcionários que falam o idioma.

A meta é fechar o ano com até R$ 700 mil em entregas externas. Em maio, a empresa foi aceita na incubadora da University of Central Florida (UCF), umas das principais da costa oeste americana. "Ganhamos visibilidade e fechamos negócios com parceiros ligados à universidade."