25/05/22 11h41

Exportações aquecidas beneficiam produtores rurais da região de Rio Preto

Maior demanda de commodities brasileiras reflete na produção do Noroeste Paulista; produtores e especialistas avaliam o crescimento recorde de exportações em abril

Diário da Região

Dados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apontam que as exportações das commodities brasileiras tiveram um aumento de 14,9% no mês de abril. O total representa valor recorde de US$ 14,86 bilhões frente ao mesmo período de 2021. Alimentos como soja, carnes bovina e de frango e café foram os que tiveram a maior demanda das exportações. 

Para os produtores, o cenário de maior volume de exportações favorece o agronegócio, especialmente para a produção de soja e de carnes de frango e bovina, mais expressivas no Noroeste Paulista. Porém, as limitações com os custos de produção também impactaram a demanda por alimentos que estão sendo produzidos em alta escala. 

Ainda de acordo com o levantamento do Mapa, as exportações de frango foram bastante positivas, com valor recorde de US$ 802,80 milhões e o volume exportado 5,6% maior quando comparado com abril do ano passado. “A tendência é de continuar crescendo as exportações de frango, que já vem desde o ano passado, além do maior consumo no mercado interno”, avalia o produtor Renato Gaspar Martins. 

No comando da produção de dez aviários em Onda Verde, Renato explica que os produtores tiveram reajuste de 6% por ave comercializada aos frigoríficos. “Hoje o preço pago pelo quilo do frango é de R$ 3,86, mas o impacto no custo da produção ainda não favorece a nossa rentabilidade”. Ele lembrou que neste momento, o custo do óleo diesel, a quase R$ 7 o litro, tem influenciado muito no campo. 

Nas granjas do produtor Fábio Berti, em Tanabi, manter a produção de 1,6 milhão de frangos de corte por ano ainda reflete no alto custo da produção, principalmente com energia elétrica e matéria-prima para o aquecimento das aves. Ele conta que o reajuste, a partir do mês de março, pago por unidade do produto, ainda não foi suficiente para cobrir os custos e garantir maior renda para os avicultores. 

“As exportações de carne de frango em crescimento e a alta de preços para os consumidores no País, às vezes não refletem tanto para o produtor quando avaliamos o que desembolsamos com os insumos”, diz Berti. Segundo o avicultor, no período de clima frio as aves que entram no alojamento precisam de maior aquecimento, um dos motivos de maior gasto com a matéria-prima usada para aquecer as aves. 

Mercado 

No estado de São Paulo, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura, em 2020 foram criados mais de 125 milhões de cabeças de frangos. O Brasil produz 14,329 milhões de toneladas de carne de frango, exporta para 151 países e o consumo per capita é de 45,56 quilos por habitante. Segundo o produtor Renato Martins, a proteína é considerada saudável e vem sendo bastante consumida por brasileiros, principalmente em períodos em que a arroba do boi dispara e impacta no poder de compra do consumidor. 

Especialistas avaliam

Os conflitos entre Ucrânia e Rússia e um novo lockdown adotado na China para conter a disseminação da Covid-19, podem ser fatores que favorecem as exportações de alimentos pelo Brasil, na opinião de especialistas. “O Brasil será, principalmente no segundo semestre do ano, um importante parceiro para garantir a segurança alimentar do mundo, com todas estas questões que impactam a produção de muitos países”, comenta Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). 

Santin analisou ainda que as exportações brasileiras de carne de frango foram muito positivas no mês de abril, com mais de 418 mil toneladas de produto exportado. “Com a invasão da Rússia na Ucrânia, vemos produtos como os grãos e as proteínas sendo menos exportados por estes países, demandando mais produtos do Brasil”, acrescenta o presidente da ABPA. 

As maiores demandas internacionais de commodities, de acordo com o professor de economia da Unesp de Ilha Solteira, Omar Jorge Sabbag, e o crescimento das exportações, favorecem o aumento do saldo da balança comercial brasileira. “Ao avaliar produtos como a soja e as carnes bovinas e de frango, comparando abril de 2021 com o mesmo período de 2022, o aumento foi de 15% neste ano”, afirma, lembrando que isso gera um recorde nas exportações brasileiras. 

As exportações de soja e de carne bovina estão no ranking de produtos com maior demanda internacional no mês de abril, segundo levantamento do Ministério da Agricultura. A soja é o principal produto do setor, com vendas de US$ 8,09 bilhões e aumento de 41,4% em relação a 2021. E as vendas de carne bovina registraram alta de 36,9% frente ao mesmo período do ano passado. 

Produtor de soja e de carne bovina, Osmair Guareschi faz avaliação positiva das propriedades em que planta o grão e confina o gado de corte na região Noroeste. “Hoje o produto brasileiro é bem aceito no mundo todo, e os preços da soja e da carne bovina são bem competitivos para entrar em outros países”. 

Ele faz um contraponto em relação à exportação, no fator da logística, para embarcar os produtos para países que compram as commodities brasileiras. “Com mais ferrovias para escoar os produtos, talvez a exportação fosse maior”. Guareschi destaca ainda que as plantações de soja tiveram boa rentabilidade em 2021, mas para a próxima safra os insumos estão muito caros. 

Para o produtor de soja Reginaldo Massuia, de Cosmorama, as exportações brasileiras estão “superaquecidas e a safra deste ano, para quem já colheu a soja e fechou os preços que foram para o mercado externo, foi ótima”. Mas com a alta de preços de defensivos e de outros insumos, a margem de lucro fica apertada para quem não tiver uma produção do grão razoável. “Pode ser que não conseguiremos fechar a conta”, destaca. 

fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/economia/agronegocio/exportac-es-aquecidas-beneficiam-produtores-rurais-da-regi-o-de-rio-preto-1.971779