04/08/17 12h14

Espaço aberto para inovações

Valor Econômico

Rodeado de bolas de ginástica roxas, entre paredes pintadas com tinta de lousa e janelas com vista para lavouras de cana, um seleto grupo de startups voltado ao agronegócio ganhou ontem uma "vitrine" para desenvolver e exibir suas inovações para atrair capital de empresas e fundos de investimento.

O novo polo de inovação, localizado em Piracicaba, no interior paulista, começará a receber as startups em outubro. O espaço foi cedido pela Raízen (joint venture entre Cosan e Shell), em um prédio ao lado de sua sede, e também abrigará equipes da SP Ventures, que gere fundos de investimento com participação em empreendimentos inovadores voltados ao agronegócio, além da aceleradora argentina NXTP Labs.

Entre oito e dez startups serão escolhidas até meados de setembro para estrear o novo espaço. Segundo Fábio Motta, diretor de tecnologia da informação da Raízen, o ideal é que metade delas seja mais madura e o restante esteja em fase inicial.

O projeto deve atrair startups que já estão em Piracicaba, que concentra quase 20% de todas as startups voltadas ao agronegócio do país, conforme censo realizado pela AgTech em parceria com a EsalqTec. Mas deve atrair startups provenientes até de outros países, segundo Magnus Arantes, um dos sócios da NXTP, empresa que instrumentaliza e financia cerca de 20 empreendimentos de inovação voltados à agroindústria na América Latina.

Esse nicho de startups voltadas ao campo tem chamado a atenção de fundos de investimento focados em inovação. A SP Ventures, por exemplo, tem em sua carteira do Fundo de Inovação Paulista (FIP) 12 delas - R$ 73,5 milhões em aportes totais (70% de toda a carteira), de acordo com Francisco Jardim, sócio da empresa. Até o fim do ano, a SP Ventures pretende criar um fundo voltado apenas a startups de agronegócio.

Para uma grande corporação como a Raízen, que também tem interesse em estabelecer parcerias com startups, o novo espaço facilitará essa conexão pela própria disponibilidade de terras da companhia ao redor do espaço. "Gerenciamos 1 milhão de hectares. O campo de teste para tudo o que se quiser desenvolver é enorme", afirmou João Alberto Abreu, vice-presidente de açúcar, etanol e bioenergia da Raízen.

Mas, segundo Motta, diretor de tecnologia da informação da empresa, outras empresas e outros fundos de investimento também poderão buscar no "Pulse" iniciativas que atendam suas necessidades. O modelo é inspirado em casos internacionais de "hubs" de inovação - o mais conhecido é o Vale do Silício.

Duas startups já começarão no espaço como "âncoras": AgroSmart e Strider. Cada projeto será hospedado no espaço por seis meses a um ano, mas o prazo pode ser estendido. E, ao menos no primeiro ano, a startup não pagará pelo uso do espaço.