09/12/16 15h12

Energias do Brasil volta a ver agenda de crescimento

Valor Econômico

A EDP Energias do Brasil vai se voltar novamente para uma "agenda de crescimento" a partir de 2017, com foco nos segmentos de distribuição e transmissão de energia, disse Miguel Setas, presidente da companhia, em evento realizado ontem em São Paulo com investidores e analistas.

A companhia, que estreou no setor de transmissão em outubro, ao arrematar um lote de 113 quilômetros de linhas no Espírito Santo, avalia participar de novos leilões em 2017, além de olhar também oportunidades no mercado.

"Nossa intenção, naturalmente, é construir uma posição mais sólida no negócio de transmissão", disse Setas. Para isso, porém, a companhia "não vai abdicar de uma postura exigente em termos de rentabilidade e risco."

A companhia considera determinadas regiões do país menos favoráveis a investimentos em transmissão, devido a problemas ambientais, por exemplo. "Seremos seletivos nas regiões em que vamos apostar", afirmou.

Em relação aos ativos da espanhola Abengoa, que devem ser relicitados em 2017, Setas disse que a empresa vai avaliar, mas o perfil de risco das linhas de transmissão não é "alinhado" com a estratégia da companhia.

A empresa também não quer ficar exposta a apenas uma construtora, como aconteceu com alguns vencedores do leilão de transmissão de outubro. "Não queremos mudar nosso perfil e virar uma empresa transmissora", disse Setas. A empresa seguirá uma companhia diversificada, sem investimentos "desproporcionais" em relação ao seu portfólio.

A meta da EDP Energias do Brasil continua sendo executar as obras dentro do prazo e orçamento, por isso a exigência de localização para os investimentos.

A companhia trabalha, por exemplo, para antecipar a conclusão das obras da hidrelétrica São Manoel, no rio Teles Pires, assim como fez no caso das usinas Santo Antonio do Jari e Cachoeira Caldeirão. Segundo Setas, as obras civis do projeto estão "muito próximas" da conclusão, enquanto a construção está acima do patamar de 78%, registrado ao fim do terceiro trimestre do ano.

"O prazo regulatório termina em maio de 2018. Estamos trabalhando para antecipar também", disse. A ideia é antecipar a entrada em operação de pelo menos algumas máquinas até o fim de 2017.

No caso das usinas Santo Antonio do Jari e Cachoeira Caldeirão, o processo era mais simples, pois apenas EDP e CTG eram sócias. Além disso, a usina de São Manoel é de maior porte, com 700 megawatts (MW) de potência. "Estamos fazendo a nossa parte [para antecipar], mas não depende só de nós", afirmou.

No segmento de distribuição, a EDP não tem interesse nas empresas da Eletrobras que serão privatizadas em 2017. "Somos uma empresa de baixo risco, queremos estar expostos a regiões em que os riscos sejam bons para os investidores, em que a relação de rentabilidade e risco sejam bons", disse.

No segmento, o principal objetivo da companhia é aproximar os níveis de perdas comerciais da EDP Escelsa aos patamares regulatórios exigidos pela Aneel. Para garantir as melhorias, a companhia vai aumentar os investimentos em distribuição para a faixa de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões em 2017, ante a faixa de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões deste ano.