25/09/17 14h22

Economia criativa registra avanço

Com feiras, foco na inovação e dezenas de empresas que adotam o conceito, Bauru recebe evento que discutirá a temática nesta segunda à tarde

JC Net

Empresas que se utilizam do talento e da criatividade para inovar e movimentar o fluxo econômico fazem parte de um segmento cada vez mais comentado, o da economia criativa. A cidade está aberta a essa temática e, inclusive, debaterá o assunto nesta segunda-feira (25), no 2.º encontro da agenda "Bauru no Caminho da Inovação".

Por conta da pluralidade de potenciais econômicos presentes em Bauru, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Renda (Sedecon) acredita que a economia criativa tende a crescer junto ao aumento de microempresas na cidade.

"Como temos uma diversidade de iniciativas, economias e setores - o que, inclusive, entendemos como uma característica positiva - a tendência é de que as microempresas continuem a surgir. Isso porque a economia criativa passa pelo foco do microempreendedor", afirma Aline Fogolin, secretária da Sedecon.

"Então, quanto mais a cidade avança como polo universitário e com a chegada dos cursos de medicina, a gente entende que os microempreendedores só vão aumentar e que isso gera um fortalecimento na economia criativa".

Além disso, a titular da pasta ainda estima que, em Bauru, pelo menos 50 empresas trabalham com economia criativa, principalmente, no setor de artesanatos.

"Nós apoiamos esses microempreendedores da cidade que já tem, pelo menos, 50 empresários que trabalham com a economia criativa, principalmente ligadas ao segmento do artesanato, construção civil e nos serviços como o de estética e beleza. Estamos trabalhando esse viés justamente por ter na cidade uma capacidade de desenvolver a economia criativa", completa.

CIDADE CRIATIVA

O tema será abordado no evento de hoje pelo o professor, gestor educacional e escritor Victor Mirshawka, que aponta três elementos para que a economia criativa seja implantada.

"A economia criativa está presente em todos os setores em que se demonstra possuir uma propriedade intelectual, ou seja, uma marca, um processo, um direito autoral ou uma patente - na linha da invenção. Para chegarmos na economia criativa é necessário ter acesso à educação, ao conhecimento e à cultura. Na intersecção dessas três coisas é que surge a economia criativa", explica.

Indo além, o professor comenta que a criatividade é o insumo da economia criativa e que essa, por sua vez, é o produto de cidades criativas.

"Um escritor que definiu cidade criativa elenca a necessidade de 3 Ts para a existência dela, mas eu acrescento um. São eles: tesouros (naturais ou construídos); tecnologia; talento e tolerância. Eu conheço a história de Bauru e acredito que a cidade está no caminho para ser uma cidade criativa", aponta Mirshawka.

NA PRÁTICA

Juliana Ellen Vitorino, de 37 anos, também estará presente no evento, como ouvinte, e já aplica a economia criativa na cidade. Há cinco anos, ela é dona de uma confeitaria com produtos artesanais e naturais onde investe tudo que estudou, durante quatro anos, sobre o tema.

"Conheci a economia criativa em uma palestra e comecei a estudar. Dali em diante, deixei de trabalhar com algo que não agregava nada para mim e nem para a sociedade e passei a fazer aquilo que gosto. É como dizem 'trabalhe com o que você gosta e nunca precisará trabalhar'. Hoje, não trabalho com um menu pré-estabelecido, dou liberdade para a minha criação com produtos saudáveis. Isso é positivo para os meus clientes e eu fico feliz por isso", ressalta.

CRIAÇÕES

A empresária ainda compartilha seus conhecimentos com mais de 30 microempreendedores com o apoio da Sedecon.

"Duas ou três vezes por mês, nós fazemos a feira de economia criativa com microempresários ligados ao setor alimentício e de artesanato. É importante valorizar o potencial de criação dos empreendedores. Nessa feira você não encontra pastel, por exemplo, mas comidas e criações variadas repletas de inovação", completa.

As feiras são realizadas na Praça Duarte Silva, mais conhecida como Praça do Avião, e na Praça da Copaíba.

A próxima edição será nos dias 7 e 8 de outubro, sábado na Praça do Avião e domingo na Praça da Copaíba.

Sedecon promove segundo encontro ‘Bauru no Caminho da Inovação’

Com o tema "Conectar o público e o privado. Integração para o desenvolvimento da sociedade", a Sedecon, em parceria com a Unesp e a FOB/USP, promove nesta segunda (25), o segundo evento da agenda "Bauru no Caminho da Inovação".

Com início às 14h, no teatro da Faculdade de Odontologia de Bauru, que fica na alameda Dr. Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75, o evento terá como um dos palestrantes o professor Victor Mirshawka, que falará sobre as cidades criativas.

A iniciativa também discutirá inovação em relação à saúde, em palestra ministrada por Ana Marisa Chudzinski Tavassi, pesquisadora e diretora da divisão de inovação do Instituto Butantã. "O intuito é apresentar como o Instituto Butantã tem atuado com as parcerias internas, público e privada, para chegar em novos produtos", comenta a pesquisadora.

Além das inovações, as dificuldades e os desafios dessa indústria também serão comentados.

"Não podemos falar em inovação sem citar as dificuldades que temos com patentes no Brasil, já que o país demora praticamente o dobro de tempo de outros lugares para a liberação. Nós chegamos a ter uma espera de 10 anos para ter a patente avaliada. Essas questões também serão abordadas", conclui.

O encontro é aberto ao público e direcionado a estudantes, profissionais, empresários e órgãos públicos e as inscrições deverão ser feitas através do link: http://goo.gl/83RQHT. O ciclo de palestras terá continuidade em outubro e novembro.