Aquishow em Rio Preto prevê movimentar R$ 100 milhões
Evento voltado à aquicultura discute tecnologias ligadas à atividade
Diário da RegiãoA partir desta terça-feira, 24, Rio Preto se torna a capital do pescado, com a realização da Aquishow Brasil, no Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, do IP-APTA (Instituto de Pesca). A 11ª edição do evento é a primeira fora de Santa Fé do Sul e vai até o dia 27. Estarão reunidos produtores de peixe, empresas e a programação inclui palestras, workshops e discussões sobre tecnologia e novidades ligadas ao setor.
A realização da Aquishow fica a cargo da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (PeixeSP). As edições de 2020 e 2021 não saíram do papel em função da pandemia de Covid-19. Mesmo assim, isso não diminuiu as expectativas dos produtores para 2022. Isso porque a edição de 2019 foi responsável pela movimentação de R$ 80 milhões em negócios concluídos durante ou depois da feira. A expectativa para este ano é de movimentar R$ 100 milhões.
O mercado de pescado apresenta um crescimento sustentado ao longo dos últimos anos que gira em torno dos 5%. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o ramo é o que mais cresceu ao longo dos últimos 20 anos em todo o mundo.
No entanto, o último relatório sobre a situação atual e as tendências da aquicultura na América do Sul antecipa que serão necessárias transformações significativas na cadeia de produção ao longo dos próximos anos. “As perspectivas de produção continuam promissoras, no entanto, a indústria exige em geral uma melhor governança, a adoção em todos os níveis de tecnologias apropriadas e melhores práticas, e esforços para garantir a sustentabilidade ambiental e a aceitação social, bem como competitividade e previsão para lidar com o clima e o mercado mudanças”, diz o texto.
É neste contexto que a Aquishow surge como grande ponto de encontro entre os aquicultores. “Acreditamos que iniciativas como essa contribuem para a otimização de toda a cadeia produtiva, não só dos profissionais da região Noroeste Paulista, mas de todo o Brasil”, afirma Emerson Esteves, presidente do Conselho Deliberativo da Peixe SP, um dos organizadores do evento.
Entre as autoridades que devem comparecer ao evento hoje, o secretário de Aquicultura e Pesca do Mapa, Jairo Gund; o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Francisco Matturro; a secretária executiva de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Marina Bragante; o prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo e o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento Pedro Pezzuto.
Serviço
Quando: De 24 a 27 de maio
Onde: Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental – Instituto de Pesca (Avenida Abelardo Menezes, s/nº, acesso pela Rodovia Washington Luís, Km 444)
Ingressos: R$ 125 por pessoa
Região responde por quase a metade da produção
A região Noroeste do Estado é responsável por quase a metade da produção de pescados no Estado de São Paulo. A maior parte está na região de Ilha Solteira, próximo à usina hidrelétrica da cidade. Segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, são produzidas 81,6 mil toneladas de pescado em território paulista.
Tal quantidade garante o estado na segunda posição no ranking nacional, atrás somente do Paraná. Este, com produção de 188 mil toneladas. “São quase 30 mil toneladas por ano e capacidade para quadruplicar esses números. Além de Ilha Solteira, destacam-se na produção de peixes Santa Fé do Sul, Rubinéia, Santa Clara D’Oeste e Riolândia”, explica Fernando Stopato da Fonseca, pesquisador científico do Instituto de Pesca.
Em relação às espécies, a tilápia é a mais cultivada, seja em tanques-redes ou em tanques escavados. Destacam-se também a produção de pacus e piaus. No caso das tilápias, já existe um pacote tecnológico bastante desenvolvido e consolidado para seu manejo, com foco em nutrição, melhoramento genético e sanidade.
Mudança
A mudança da Aquishow para Rio Preto atende aos quesitos estratégicos do setor. A produção paulista de pescados passa necessariamente pela região. Levantamento da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mostra que as cidades do Noroeste Paulista são responsáveis pela maior parte da produção estadual, por meio de 256 unidades de piscicultura cadastradas. São quase 30 mil toneladas por ano.
A Aquishow teve dez edições em Santa Fé do Sul, às margens do rio Grande, mas o crescimento do evento tornou essencial o rompimento das fronteiras. Com isso, Rio Preto ganhou destaque. A rede hoteleira conta com 32 hotéis e 5 mil leitos, o que abriga a conferência com tranquilidade.
Isso sem contar o fator logística: o fato de Rio Preto sediar um aeroporto de médio porte, bem como dar acesso a duas rodovias importantes. (LI)
Produção em alta no País
Segundo a Peixe BR, a produção de pescados no Brasil subiu 4,7% em 2021, atingindo o patamar de 841 mil toneladas por ano. O crescimento foi impactado pela pandemia - em 2020, por exemplo, a alta na produção foi de 5,93%. Mesmo assim, o setor mantém a perspectiva positiva para o futuro. “Apesar dos desafios do pós-pandemia, estamos otimistas com o mercado de pescados para 2022, que tende a continuar crescendo”, diz.
Ainda de acordo com o Anuário 2022 da Peixe BR em 2021, a produção de peixes de cultivo em território paulista foi de 81,6 mil toneladas, que correspondem a um crescimento de 9,4% em relação ao ano anterior.
Em função de um setor em constante crescimento, a feira tem perspectivas positivas. “Nossas expectativas são as melhores possíveis. Os expositores que já tinham reservado e pago seus estandes não desistiram do evento. Além disso, conseguimos novos parceiros, como a Caixa Econômica Federal. Teremos, ao todo, 111 estandes de associações e empresas com ligação direta ou indireta ao setor aquícola”, explica a presidente executiva da Peixe SP, Marilsa Fernandes. (LI)
Programação
Hoje (24/5)
Às 9h – Abertura oficial
Às 11h10 – Entrega do 1º Prêmio Personalidades Brasileiras de Aquicultura – Aline Brun & Geraldo Bernardino
Às 11h30 – Palestra “Caminhos da Proteína Aquática para Consolidação do Brasil como um Grande Player do Pescado”, com o professor e escritor José Luiz Tejon
Das 14h às 15h30 – Workshop “Sanidade Aquícola – Plano Nacional de Sanidade e os Desafios para sua Implantação na Aquicultura Brasileira”, com a PeixeBR e o Mapa
Das 15h35 às 17h05 – Painel “Papel e Contribuições das Mulheres para a Aquicultura Brasileira – Passado, Presente e Futuro”
Das 17h10 às 18h – AquaQuiz
Às 18h05 – Entrega de certificados de menção honrosa aos participantes do 1º ELAPC (Encontro Latino-Americano de Peixes de Cultivo)