Petroleiras mundiais investem R$ 30 bilhões no Brasil em 2017
Valor EconômicoO Brasil entrou novamente na rota de investimentos das grandes petroleiras globais. Levantamento feito pelo Valor mostra que, atraídas pelos leilões do pré-sal e pelo programa de venda de ativos da Petrobras, as companhias estrangeiras investiram este ano, ao todo, cerca de US$ 9,25 bilhões (R$ 30,8 bilhões) na aquisição de ativos no país.
A principal investida no mercado brasileiro foi feita pela norueguesa Statoil, que anunciou, em 2017, investimentos de US$ 3,66 bilhões no país. Destaques também para a ExxonMobil (US$ 2,38 bilhões), Total (US$ 2,2 bilhões), BP (US$ 315 milhões), Petrogal (US$ 300 milhões) e Shell (US$ 100 milhões).
O último negócio - e o maior deles - foi anunciado na semana passada pela Statoil. A companhia fechou acordo de US$ 2,9 bilhões com a Petrobras para compra de 25% no campo de Roncador, na Bacia de Campos, numa operação que deve praticamente triplicar a produção de óleo e gás da norueguesa no Brasil, para 110 mil barris diários de óleo equivalente (BOE/dia).
A Statoil também anunciou este ano um investimento de US$ 25 milhões na aquisição de 40% do projeto de geração solar de Apodi (162 megawatts), no Ceará, que marca a entrada da empresa no segmento, no Brasil; e outros US$ 743 milhões para reforçar presença no projeto de Carcará (BM-S-8), no pré-sal da Bacia de Santos. Depois de comprar a fatia de 66% da Petrobras no BM-S-8, em 2015, a companhia avançou sua investida no ativo, adquiriu os 10% da Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) e posteriormente arrematou, no leilão do pré-sal de outubro, a área de Carcará Norte - adjacente à descoberta de Carcará.
Quem também investiu pesado no país em 2017 foi a americana ExxonMobil. A multinacional garantiu 40% de Carcará e Carcará Norte. Na 14ª Rodada de blocos exploratórios, de setembro, foi a principal protagonista do leilão, ao adquirir dez concessões, sendo seis delas junto com a Petrobras, numa parceria 50%/50%, em águas ultraprofundas na Bacia de Campos. A multinacional fechou, ainda, um acordo para entrar, com 50%, nos blocos SEAL-M-351 e SEAL-M-428 (Bacia Sergipe-Alagoas), adquiridos pela Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) em 2015, na 13ª Rodada.
Destaque também para a Total. A francesa assinou este ano um contrato de US$ 2,2 bilhões, com a Petrobras, para aquisição de 35% do campo de Lapa (pré-sal da Bacia de Santos); 22,5% de Iara (campos de Sururu, Berbigão e Oeste de Atapu); e 50% da Termobahia (que opera as termelétricas Rômulo de Almeida e Celso Furtado, na Bahia). A Total também adquiriu, por US$ 6 milhões, na 2ª rodada de partilha, 20% de Sul de Gato do Mato, área adjacente à descoberta de Gato do Mato (bloco BM-S-54).
A britânica BP, por sua vez, investiu US$ 315 milhões para estrear no pré-sal como sócia da Petrobras nas áreas Alto de Cabo Frio Central (50%) e Peroba (40%), leiloadas na 3ª rodada de partilha. A petroleira também reforçou sua presença no mercado brasileiro de biocombustíveis, por meio da formação de uma joint-venture com a Copersucar, na área de logística, para gestão conjunta do terminal de Paulínia (SP).
Os leilões do pré-sal renderam frutos também à Shell, uma das participantes mais agressivas das rodadas de outubro. A companhia, que já operava a área de Gato do Mato, fez oferta por todas as seis áreas negociadas nas licitações do pré-sal e levou três, duas delas como operadora: 80% de Sul de Gato do Mato e 55% de Alto de Cabo Frio Oeste. Também entrou como sócia da Petrobras, com 30%, na área unitizável Entorno de Sapinhoá.
Já a Petrogal adquiriu 20% de Carcará Norte, na 2ª Rodada de partilha, e comprou uma fatia adicional de 3% no BM-S-8 (Carcará), na reestruturação acordada com a Statoil e Exxon.
Também investiram no país, este ano, outras importantes petroleiras: as chinesas CNODC (US$ 180 milhões) e CNOOC (US$ 28 milhões); Qatar Petroleum (US$ 26 milhões); Murphy Oil (US$ 18 milhões); Repsol Sinopec (US$ 15 milhões); Repsol (US$ 7 milhões); e Karoon (US$ 6 milhões).