Fábrica no país deve puxar vendas da italiana Valagro
Valor EconômicoApós investir € 10 milhões em uma fábrica de fertilizantes especiais em Pirassununga (SP), sua primeira nas Américas, a italiana Valagro espera elevar seu faturamento no Brasil em pelo menos 32% ao ano até 2022, alcançando R$ 140 milhões. Este ano o crescimento deverá ser maior: de 50%, para uma receita de R$ 50 milhões.
A empresa, que no mundo faturou € 133 milhões, tem uma parcela ainda pequena do mercado que movimentou no país R$ 6,4 bilhões em 2017, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo). Mas o crescimento previsto supera o ritmo registrado no segmento, que avançou 10,3% em 2017 e deve crescer outros 19% este ano, segundo estimativas.
"Atuamos no segmento de fertilizantes foliares, que representam 70% do volume total de nutrição especial, e nessa área, 80% das empresas faturam menos de R$ 20 milhões por ano. Queremos liderar o setor", afirmou o presidente das operações no Brasil e Cone Sul, Victor Sonzogno, às margens de evento sobre fertilizantes especiais em Campinas. Entre os fertilizantes especiais produzidos pela Valagro estão bioestimulantes extraídos de algas e micronutrientes que ajudam a planta a aproveitar melhor os adubos.
A Valagro está no Brasil desde 1998, mas até o ano passado, quando a fábrica foi inaugurada, os produtos que comercializava no país eram importados. Com capacidade inicial de produção de 50 mil toneladas por ano, a unidade foi planejada para fornecer produtos para outras operações na América Latina.
A empresa italiana tem maior presença no segmento de frutas e vegetais hoje, mas também vem apostando em grandes culturas, como soja, milho, algodão e trigo. Com a estratégia de crescer nessas lavoura, elegeu quatro países como foco de investimentos: Brasil, Estados Unidos, China e Índia.
A expectativa da Valagro é ter um crescimento combinado médio de faturamento nesses países de 35% ao ano até 2020. Nos próximos meses, a empresa iniciará a construção de uma nova fábrica nas Américas, dessa vez na Carolina do Sul, nos EUA, com investimentos também na casa dos € 10 milhões, segundo o diretor global de assuntos corporativos, Marco Rosso.
O presidente da Valagro no Brasil acredita que em 2022 cerca de 60% da receita no país será proveniente da venda produtos de nutrição especial para o segmento de grandes culturas. Hoje a participação é de 20%".
A aposta em culturas como soja e milho tem ampliado o peso das vendas em Estados produtores de grãos na receita da Valagro no Brasil. "O avanço da receita e a perspectiva para este ano decorre de investimentos para entrar em outras geografias. Estamos entrando no Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso", acrescentou.
O Matopiba - região de confluência entre os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia - é um dos focos de crescimento da companhia. "Queremos um parceiro estratégico para realizar o desenvolvimento nessa região. É uma região que passa por um estresse climático muito grande e a nutrição especial ajuda a passar pelo efeito climático", afirmou.
Além de fertilizantes especiais, a Valagro atua em defensivos biológicos. O segmento representa hoje apenas 2% de seu faturamento global, mas essa fatia tende a aumentar. No Brasil, ainda não há biodefensivos da Valagro no mercado. "Temos soluções na França e Índia que estudamos trazer ao Brasil", afirmou Rosso. Para crescer nesse segmento, aquisições não estão descartadas, disse Sonzogno. Segundo ele, aquisições na área de Agtech no Brasil também estão no radar. "Queremos crescer em serviços, e uma Agtech seria uma solução de serviço em tecnologia".