05/05/17 14h45

Viracopos fecha maior contrato comercial

Valor Econômico

A concessionária que administra o aeroporto internacional de Viracopos (SP) assinou ontem o maior contrato de exploração comercial em seus quase cinco anos à frente do terminal. O grupo Incorp Empreendimentos e Participações investirá cerca de R$ 200 milhões para erguer, nos arredores do aeroporto, o 1º Centro Nacional de Atacadistas de Moda.

O complexo terá 120 mil quadrados e as obras vão durar aproximadamente 24 meses. A ideia é transformar Viracopos em um polo para produtos de atacado, aproveitando o fato de que o aeroporto tem voos diretos para 53 destinos em todo o país e pode atrair consumidores de outros Estados. Boa parte desses consumidores se dirige hoje ao centro de São Paulo, mas enfrenta acomodações ruins, serviços precários e problemas de segurança.

A parceria traz um modelo inédito para o Brasil na exploração comercial dos aeroportos. O novo canal de vendas servirá para a indústria escoar sua produção direto da fábrica, especialmente com produtos de moda, cama, mesa e banho. Para atender os clientes com mais comodidade, um centro de serviços - com estacionamento, praça de alimentação e "self-storage" para o armazenamento das compras - funcionará no complexo.

De acordo com o empresário Joe Lago, fundador e presidente da Incorp, a previsão é inaugurar o empreendimento no início do segundo semestre de 2019. A escolha de Campinas deve-se à facilidade logística da cidade, para onde convergem diversas rodovias de alta qualidade, e ao fato de a Azul ter ali um "hub" que permite aos pequenos e médios comerciantes optar pelo modal aéreo. "Isso faz de Viracopos a melhor alternativa geográfica."

O presidente da Aeroportos Brasil Viracopos, Gustavo Müssnich, diz que a parceria firmada ontem representa um "divisor de águas" para a empresa. Ele lembra que a viabilidade econômica da concessão está bastante ancorada no aumento progressivo das receitas não tarifárias do projeto.

Para o executivo, o anúncio do acordo deve "abrir a porteira" para uma série de novos empreendimentos imobiliários e comerciais. "Em um momento de crise econômica, quando todos os investidores estão retraídos, conseguimos marcar um gol desses. É para comemorar demais."

Quando a concessionária assumiu o aeroporto, em 2012, as receitas comerciais representavam apenas 2% de todo o faturamento - 70% eram cargas e 28% tarifas aéreas (pagas pelos passageiros ou pelas companhias). Hoje, a parte comercial já subiu para 15% do total. O objetivo é alcançar uma fatia de pelo menos 30% no médio prazo. "Daí para mais", afirma Müssnich. Ele lembra que, para a instalação dos empreendimentos dentro do terreno aeroportuário garantido pelo contrato de concessão, não há pagamento de IPTU e nem necessidade passar por órgãos municipais para obter licenças ou alvarás.

O terreno de Viracopos já dispõe de 9 mil quilômetros quadrados e pode chegar a 25 mil com todas as desapropriações que estão em curso. Boa parte do espaço será alocada para novas pistas de pousos e decolagens, mas o potencial de exploração é o maior entre os grandes aeroportos do país. "Esse é o nosso grande 'upside' [ponto favorável]", diz Müssnich.

A Aeroportos Brasil Viracopos tem 51% de capital privado e a Infraero manteve 49% de participação acionária. Na parte privada, os sócios são a UTC (45%), a Triunfo (45%) e a operadora francesa Egis (10%). Além de um pagamento imediato a título de cessão onerosa, a concessionária receberá uma locação mensal da Incorp, com parte fixa e parte variável, conforme as vendas. Os valores não foram divulgados por uma questão de estratégia comercial.