12/07/17 13h36

Thyssenkrupp ganha eficiência com Indústria 4.0

Com tecnologia, planta da companhia em Campo Limpo exporta para EUA e Europa

Automotive Business

Com quase 60 anos de história, a fábrica da Thyssenkrupp em Campo Limpo, no interior paulista, combina recursos de indústria 4.0 em suas linhas de montagem para manter a face jovem, apesar de ser uma veterana - foi a primeira planta da companhia fora da Alemanha. A unidade pertence à divisão de negócios de tecnologias de componentes e faz forjaria e usinagem de peças de suspensão, transmissão e motores para a indústria automotiva. “Temos muita capacidade produtiva aqui e precisamos investir em tecnologia porque é isso, ao lado do alto volume, que nos dá competitividade para exportar”, conta José Carlos Cappuccelli, CEO do complexo industrial.

Enquanto o mercado interno encolhe, a companhia investe na vocação da unidade para atender a demanda de outros países. Segundo o executivo, é possível fazer ali 750 mil virabrequins por ano. Ao contrário das várias fabricantes de componentes que amargam ociosidade elevada em suas operações locais, a Thyssenkrupp Campo Limpo opera em 2017 quase no topo de sua capacidade. “Algumas linhas voltadas ao mercado interno trabalham em um ou dois turnos, mas temos áreas voltadas à exportação que operaram 24 horas por dia, sete dias por semana”, conta.

Ele estima que devem ser feitos na planta este ano 700 mil virabrequins, 65% deste total destinado a outros mercados, como Estados Unidos e países da Europa, como a Holanda. “Parte deste volume vai direto para os clientes, mas também armazenamos componentes em nossos próprios centros de distribuição em outros países para que as operações de cada região façam as entregas. O importante é que eu consiga competir lá fora com a produção de países como China e Coreia”, aponta.

Ele avalia que o chamado custo-Brasil, com a conhecida alta carga tributária e dificuldades logísticas é compensado internamente na empresa com a eficiência da produção, flexibilidade nas linhas de montagem, pouco desperdício e qualidade elevada. Componentes de baixo volume de produção, em geral, são fabricados em áreas menos tecnológicas da planta, com mais operadores trabalhando. Há, no entanto, linhas que fazem grande número de componentes dentro do conceito de indústria 4.0, com rastreabilidade de cada peça, coleta de dados e comunicação entre as máquinas.

“Há 10 anos a nossa linha de virabrequins já foi instalada dentro do conceito de indústria 4.0. A questão é que, naquela época, sequer chegávamos a usar todas as possibilidades da tecnologia. Agora a internet industrial é algo acessível, que ganhou simplicidade”, conta.

 

CONTRATAÇÕES EM CAMPO LIMPO, DEMISSÕES GLOBALMENTE

A evolução dos volumes fabricados em Campo Limpo garantiu 400 contratações na planta este ano. Com isso, a unidade voltou a ter 2,5 mil funcionários, o mesmo número de de antes da crise. “Tínhamos demitido justamente 400 pessoas nos últimos anos”, conta Cappuccelli. A empresa soma agora total 8 mil funcionários no Brasil, distribuídos entre as várias divisões de negócio.

Este patamar, no entanto, pode mudar. A matriz da companhia anunciou plano para enxugar custos globalmente que passa por corte na estrutura de funcionários. Até 2020 a empresa pretende reduzir em 2,5 mil os 18 mil empregos em cargos administrativos que tem globalmente. Metade das demissões devem acontecer na Alemanha e, por enquanto, a companhia não detalha quais outras operações serão afetadas.

Desde 2012, o esforço da empresa para ganhar eficiência garantiu economia anual entre € 800 milhões e € 1 bilhão principalmente com melhoria no desempenho das unidades operacionais, aponta comunicado distribuído pela Thyssenkrupp. A nova investida para enxugar a estrutura pretende economizar mais € 400 milhões.