12/06/17 15h08

Start-up de ex-consulesa da França faz ponte entre negros e empresas

Folha de S. Paulo

À justificativa de que não há negros em altos postos porque não há profissionais qualificados com esse perfil no mercado a ex-consulesa da França em São Paulo Alexandra Loras rebate com uma cifra: 2.000.

Esse é o número de currículos cadastrados até agora na Protagonizo, start-up lançada por Loras em parceria com Anderson Carvalho para fazer a ponte entre o departamento de recursos humanos de grandes empresas e trabalhadores negros poliglotas e egressos de universidades como USP, PUC e FGV.

 "Trago profissionais numa bandeja de prata para os RHs não falarem mais que não contratam negros porque não encontram candidatos qualificados", afirma Loras, rindo.

 A Protagonizo tem parceria com 56 empresas, como Carrefour e Bayer. São companhias envolvidas em políticas de promoção de diversidade.

 Não é só a defesa do direito à igualdade. A diversidade é boa para os negócios, diz Loras. "Pesquisas apontam que empresas com diversidade étnico-racial aumentam a rentabilidade de 35% a 40%."

 Uma equipe diversa dialoga melhor com o consumidor brasileiro –em sua maioria, negro– e tem sensibilidade para evitar que ações preconceituosas se repitam.

 Loras oferece também palestras e coaching para profissionais e empresas. O serviço é gratuito, mas ela pensa em lançar um selo de diversidade para empresas. Outro plano é organizar uma feira da diversidade em São Paulo.

 "Nas contratações, sempre valorizam pessoa branca, que estudou na mesma escola, com o mesmo padrão social. Vivemos nessa zona de conforto que acaba sendo uma forma de discriminar", diz.

 Loras sofreu com esse estranhamento ao circular pela "zona de conforto" da elite paulistana. Quando consulesa, diz ter sido confundida com babá e doméstica e quase ter sido barrada num hotel de luxo em Salvador –escapou pelo sotaque francês.