10/07/17 13h45

Sirius acelera salto para a ciência em Campinas

Correio Popular

Com 57% das obras civis concluídas, a inauguração do Sirius — o novo acelerador de elétrons do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) — está cada vez mais próxima. A previsão é que a primeira etapa seja inaugurada em junho do ano que vem. O equipamento será a fonte de luz síncrotron mais brilhante do mundo e terá em seu núcleo um acelerador de elétrons de última geração. A máquina possibilitará análises até então impossíveis de serem realizadas, e abrirá novas perspectivas de pesquisa em diferentes áreas, como ciência dos materiais, nanotecnologia, biotecnologia, física, ciências ambientais e muitas outras.

Com o objetivo de aumentar a ligação da comunidade científica com o Sírius, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) inaugura hoje a Escola Brasileira de Síncrotron.

O Sirius será uma ferramenta científica de última geração, usada na análise estrutural dos mais diversos materiais, orgânicos ou não.

A luz é responsável por atravessar as amostras e revelar as informações a respeito dos materiais investigados, no nível dos seus átomos e moléculas. A fonte de luz Sirius será composta por um conjunto de aceleradores de elétrons de última geração e por estações experimentais, chamadas linhas de luz. “Um síncrotron é como se fosse um gigante microscópio que permite que você enxergue a estrutura dos materiais na escala dos átomos e na escala nanométrica, abrindo perspectivas para a nanotecnologia, para saúde e para biociências”, explica Antônio José Roque da Silva, atual diretor do Laboratório e diretor do projeto Sirius.

Entre os exemplos de aplicações estão as pesquisas relacionadas ao zika vírus. “Você pode usar esse acelerador para fazer imagem de tomografia de estruturas, por exemplo, de tecidos ou de fetos infectados por zika vírus, para ajudar na compreensão das alterações neurológicas que provocadas pela doença”, explicou.

Segundo o diretor, os retornos são certos para a sociedade e para o País como um todo, ajudando a resolver doenças como zika, doenças de chagas, ou problemas ligados à alimentação e nutrição. “Existe um retorno financeiro que é também para a sociedade, não é para o laboratório, que é quando você, por exemplo, consegue dar saltos tecnológicos”.

 

Cronograma

Atualmente, está em execução a cobertura do prédio que abrigará a nova fonte de luz síncrotron. A montagem da primeira camada da cobertura já foi concluída. A fundação do piso especial que receberá o acelerador de elétrons também já foi executada. Nesta fase, os técnicos trabalham na fundação para construção dos pisos dos aceleradores e linhas de luz, etapa planejada para evitar recalques diferenciais e contribuir para isolar as vibrações mecânicas provenientes do seu exterior, garantindo um alto nível de estabilidade dos equipamentos que serão instalados no local.

O acelerador linear Linac, comprado de uma empresa chinesa, será entregue este mês e instalado no Sirius ainda em setembro. No mês de novembro, os primeiros componentes do acelerador, os blocos que suportarão os ímãs, começarão a ser instalados no túnel do acelerador.

O custo total do Sirius até a inauguração da primeira etapa, em junho de 2018, é em torno de R$ 1,2 bilhão. E até 2020, com todas as outras linhas de luz montadas, o prédio e acelerador na configuração final devem reunir investimento em torno de R$ 1,8 bilhão. Mais de 80% dos itens utilizados na obra são de empresas brasileiras. As demais precisaram ser importadas.