01/11/17 14h15

São Paulo ganha coworking para negócios de impacto social

Proposta do Civi-co é criar comunidade de negócios voltados para causas cívicas e sociais. Investimento no projeto foi de R$ 10 milhões

PE&GN

No dia 21 de novembro, a cidade de São Paulo ganhará mais um espaço de trabalho compartilhado: o Civi-co. O empreendimento, voltado a negócios de impacto social, nasce com o objetivo de se tornar uma comunidade de indivíduos dispostos a criar uma sociedade melhor e mais justa.

Apesar de a inauguração oficial ocorrer em alguns dias, o Civi-co, que está localizado na zona oeste da capital paulista, já tem empreendedores instalados no espaço e recebe alguns eventos.

Os criadores do projeto são os empreendedores paulistanos Patrícia Villela Marino, 47 anos, e Ricardo Podval, 44. Patrícia é advogada e tem liderado iniciativas e institutos que têm objetivo de reforçar os direitos humanos, o empreendedorismo social e o empoderamento dos cidadãos. Podval atuou em setores como bens de capital, siderurgia e energia no Brasil e no exterior – ele, inclusive, morou entre 2009 e 2016 na China

Amigos há 15 anos, Patrícia e Podval perceberam que poderiam se tornar sócios. Enquanto ela já tinha um projeto parecido com o Civi-co, mas funcionando em uma escala menor, ele voltou da China em busca de oportunidades que tivessem um propósito e que lhe trouxesse mais que um retorno financeiro.

O investimento inicial para transformar o Civi-co em realidade foi de R$ 10 milhões, segundo o sócio.

O Civi-co é descrito por seus criadores como “um espaço compartilhado para empreendedores cívico-sociais cujo objetivo é se tornar uma comunidade de indivíduos transformadores. “Queremos que o Civi-co vá além do espaço. Que crie vínculos, sinergias de trabalho e seja um caldeirão de ideias”, diz Patrícia.

Os empreendedores “cívico-sociais” descritos pelos dois têm características que ultrapassam os valores definidos por negócios de impacto social.

“Nós trazemos um elemento a mais para a definição, já bem estruturada, de empreendedorismo social. Ser um empreendedor cívico-social é uma filosofia e um estado de espírito. É pensar na política e em políticas públicas relacionadas ao país. Empreendedores cívico-sociais são aquelas pessoas que estão dispostas a trabalhar por uma sociedade mais justa e engajada com uma atuação que exacerba sua empresa. Não estamos em busca de empreendedores, na verdade, mas de transformadores”, afirma a empreendedora.

E quem se enquadra nesse conceito cívico-social?  Diferentes organizações, segundo Patrícia. “O Civi-co é um ambiente aberto para empreendedores sociais, startups, ONGs e empresas que estejam em busca de projetos de impacto. É um espaço para quem deseja aprender junto e com sinergia.”

Para se tornar residente do Civi-co, as empresas e ONGs interessadas devem passar por um processo seletivo. “Vamos entender o projeto, se é tem características cívico-sociais ou tem condições de se tornar, se é escalável e se traz impacto para é sociedade. Também vemos como a organização interessada pode contribuir para a criação de uma comunidade transformadora”, afirma Podval.

Os custos para ficar no Civi-co começam em R$ 900, segundo os empreendedores. No entanto, vale resssaltar que o espaço oferece diversos tipos de contrato e de ambientes, o que faz o preço ser variável.

“Adoção” de startups

O Civi-co conta ainda com uma iniciativa voltada a startups que não conseguem pagar para ficar no espaço. Batizado de “Adote uma Startup”, o projeto é subsidiado por empresas que queiram causar impacto social ajudando outros empreendedores sociais. Os critérios para a aceitação de um negócio são abertos. “Se a startup desenvolveu um aplicativo, ok; se o empreendedor veio do sistema penal e não tem um plano de negócios, tudo bem também.

Para participar do projeto, as startups interessadas devem entrar em contato com o Civi-co por e-mail ([email protected]) e agendar uma visita ao espaço.

Futuro

Patrícia e Podval já falam sobre as expectativas de futuro do Civi-co. Segundo Patrícia, sua meta principal é ajudar empreendedores cívico-sociais a transformar a sociedade. “Se conseguirmos ser uma força neste sentido, chegaremos ao objetivo que traçamos”, diz. Já Podval fala sobre a vontade de levar o Civi-co a outras localidades. “Queremos escalar o Civi-co e levar o negócio a outras cidades e países, sem nos esquecer das periferias”, afirma o empreendedor.